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Enxaqueca com aura é perigoso?

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Por Dr. Mauricio Hoshino

9 de dezembro de 2024

Por si só, a enxaqueca com aura não é considerada perigosa. No entanto, seus efeitos a longo prazo podem deixar sequelas e desencadear outras doenças. Para explicar tudo sobre esse assunto, entrevistamos o neurologista Dr. Mauricio Hoshino. Detalhamos tudo para você neste guia completo.

A enxaqueca com aura pode matar?

Ainda não existem estudos que comprovem que a enxaqueca com aura é fatal. Entretanto, o médico detalha que “Além do impacto na qualidade de vida das pessoas com crises de enxaqueca frequentes e intensas, a enxaqueca com aura está associada a alguns riscos a longo prazo.”

Isso porque, pesquisas sugerem que indivíduos com esse tipo de enxaqueca apresentam um risco aumentado de desenvolver eventos vasculares, como acidentes vasculares cerebrais (AVC). Essa chance aumenta principalmente em mulheres jovens, fumantes e que fazem uso de anticoncepcionais hormonais.

Além da associação com risco aumentado para AVC isquêmico, a doença pode evoluir para um caso crônico, com crises cada vez mais frequentes e que não respondem às medicações usuais. No fim, isso colabora para o uso excessivo de analgésicos, conta o médico, o que por si só favorece a ocorrência de novas crises, gerando um ciclo vicioso.

Outro efeito frequente, o profissional cita, é “A evolução da enxaqueca com aura para o chamado status migranoso, uma condição em que a crise de enxaqueca dura mais de 72 horas, e pode exigir hospitalização”. Assim, apesar de essas complicações serem raras, é importante que pacientes com aura sigam um acompanhamento médico frequente para monitorar os sintomas e minimizar os riscos.

Em geral, a enxaqueca com aura não é fatal

Em geral, a enxaqueca com aura não é fatal, mas outras doenças que ela propicia podem ser. Como mencionado pelo neurologista, “A relação exata entre enxaqueca com aura e AVC continua sendo estudada, mas há evidências de que a enxaqueca com aura está relacionada a uma ligeira elevação do risco de eventos cardiovasculares e cerebrais fatais”.

Embora a maioria das crises seja reversível e não cause sequelas permanentes, se acontecerem com frequência, é comum despertarem sintomas como dificuldade de memória, concentração e

outros prejuízos cognitivos. Além disso, transtornos de humor como ansiedade e depressão também podem piorar os casos de dor crônica, e devem ser monitorados.

Outro fator a ser investigado, nesses casos, é a genética. Familiares de pessoas com enxaqueca sem aura têm um risco 1,9 vezes maior de ter esta desordem e 1,4 vezes maior de sofrer enxaqueca com aura, de acordo com um estudo publicado pelos Arquivos de Neuro-Psiquiatria, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Assim, é importante ter conhecimento dessas possíveis sequelas quanto antes, e realizar um tratamento preventivo.

A enxaqueca com aura pode deixar sequelas a longo prazo

Embora a conexão exata ainda não seja completamente compreendida, a literatura científica aponta uma associação entre a enxaqueca com aura e o desenvolvimento de doenças cardíacas. Uma pesquisa publicada no Global Cardiology Science e Practice ressalta a recorrência de infarto do miocárdio, angina pectoris (síndrome causada por uma insuficiência de oxigênio e sangue no músculo cardíaco) e outros problemas em quem tem essa condição. Além disso, o que a faz ser mais perigosa é que a enxaqueca com aura está relacionada com outras arritmias cardíacas, principalmente a fibrilação atrial.

Portanto, pessoas com essa condição devem fazer acompanhamento frequente com um cardiologista para detectar possíveis distúrbios cardiovasculares.

Para evitar as sequelas da enxaqueca com aura, é preciso mudar hábitos

Para minimizar os riscos de complicações e de que a enxaqueca com aura seja perigosa, o foco do paciente deve estar em adquirir hábitos que garantam qualidade de vida. Portanto, o médico indica que é “Preciso aderir à prática de atividade física regular, técnicas de relaxamento e evitar o tabagismo”. Além disso, é necessário ter um controle especial da dieta, e evitar possíveis gatilhos para as crises de dor, como uso excessivo de cafeína, álcool, privação de sono e estimulantes.

Principalmente porque, apesar de ajudarem, os medicamentos não podem ser a única base do tratamento. Por isso, os médicos envolvidos no tratamento devem ter atenção aos medicamentos prescritos e orientar bem os pacientes quanto ao risco do quadro se tornar crônico.

Além disso, o Dr. Maurício adverte contra a automedicação, já que só um profissional pode fazer a “Introdução de medidas farmacológicas e não farmacológicas, como a acupuntura, que não é mais

um tratamento considerado alternativo pela qualidade de evidências científicas descritas em publicações e revisões ao longo do tempo”, ele finaliza.

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