De fato, a eficácia dos métodos contraceptivos hormonais, como a pílula anticoncepcional, pode ser comprometida por diversos fatores, incluindo medicamentos, antibióticos, anticonvulsivantes e até mesmo doenças crônicas. Mas será que a amoxicilina corta o efeito do anticoncepcional?
Neste guia, vamos explicar se isso é mito ou verdade e se outros antibióticos cortam o efeito do anticoncepcional oral.
Quais são os antibióticos que cortam o efeito do anticoncepcional?
Não existem estudos que comprovem que a amoxicilina corta o efeito do anticoncepcional oral. Entre os medicamentos antibióticos que podem diminuir a eficácia do método contraceptivo, se destacam apenas a rifampicina e a rifabutina.
Além disso, segundo uma pesquisa publicada pela Universidade de São Paulo (USP) , os antibióticos não cortam totalmente o efeito da pílula anticoncepcional, mas reduzem sua eficácia. Isso acontece, principalmente, por dois motivos. O primeiro é porque certos medicamentos interferem na absorção dos hormônios no intestino. Assim, uma menor quantidade das substâncias é absorvida pelo organismo e, consequentemente, esses remédios fazem menos efeito.
Além disso, alguns remédios aceleram o metabolismo dos hormônios presentes no anticoncepcional. Isso significa que o organismo elimina essa composição do corpo mais rapidamente. Desta forma, a concentração e sua eficácia também são menores.
Para evitar esses riscos, é importante informar o médico de todos os medicamentos que você está tomando ao receber a prescrição de algum antibiótico.
Anticonvulsivante também corta o efeito do anticoncepcional
Anticonvulsivantes são outro tipo de remédio que podem cortar o efeito do anticoncepcional, diferentemente da amoxicilina. Segundo um estudo feito por profissionais do Hospital das Clínicas do Paraná, os principais que podem cortar o efeito contraceptivo são o topiramato, lamotrigina, carbamazepina, fenitoína e fenobarbital.
Isso pode acontecer porque os anticonvulsivantes aceleram o metabolismo de outros medicamentos no organismo. Isso inclui os hormônios presentes nas pílulas orais. Assim, as enzimas do fígado, responsáveis por metabolizar esses compostos, podem começar a trabalhar mais rapidamente, um processo conhecido como indução enzimática. Quando isso acontece, a eficácia desse e de outros medicamentos tem chances de ser comprometida.
Ao mesmo tempo, o anticoncepcional também pode reduzir o efeito antiepiléptico dos anticonvulsivantes e, por isso, essa associação não é recomendada.
Antirretrovirais e antifúngicos podem diminuir o efeito do anticoncepcional
Os antirretrovirais são medicamentos que impedem a multiplicação do HIV no organismo e evitam o enfraquecimento do sistema imunológico causado pela doença. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia sugere uma potencial interação entre esses medicamentos e os anticoncepcionais, o que poderia causar falha no método contraceptivo. Por isso, pacientes que fazem o tratamento para o HIV e usam esses contraceptivos devem receber uma atenção ainda maior do médico responsável.
Além desses, um antifúngico específico, a griseofulvina, também tem efeitos parecidos, segundo uma publicação do Departamento de Farmacologia e Terapêutica da Universidade de Londres.
Ainda, é importante entender que essas interações podem variar de pessoa para pessoa. A intensidade do efeito também depende de diversos fatores, como a dose do medicamento, o tipo de contraceptivo oral e características individuais.
É válido ressaltar, ainda, que esses efeitos acontecem com os contraceptivos hormonais. Em especial, a pílula contraceptiva. Para outros métodos que não utilizam hormônios, as recomendações podem ser diferentes. Na dúvida, procure um médico e nunca se automedique.
Vômitos, diarreias e doenças gastrointestinais também interferem no efeito do anticoncepcional
Diversos fatores não relacionados a medicamentos podem atrapalhar a ação dos contraceptivos hormonais no organismo. Dois dos mais comuns são o vômito e a diarreia.
Isso porque, a pílula anticoncepcional precisa de um tempo para ser totalmente absorvida pelo organismo e liberar os hormônios que previnem a ovulação. Esse processo, em geral, leva cerca de 4 horas. Por isso, vômito ou diarreia intensa podem eliminar o medicamento do corpo antes de sua completa absorção.
Além disso, doenças inflamatórias no intestino, como a Doença de Crohn, também podem cortar a ação contraceptiva. Isso porque, ela prejudica a absorção dos compostos pelo organismo e acelera o trânsito intestinal.
Ainda, de acordo com um artigo publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, o uso de pílulas combinadas, um dos métodos contraceptivos mais comuns, pode aumentar o risco de recidiva da doença de Crohn. Ou seja, causar uma piora em quem já tem a doença.
Por fim, existem diversos anticoncepcionais que não são à base de hormônio e podem ser boas alternativas. Alguns exemplos são o DIU de cobre ou prata, preservativos masculinos e femininos, laqueadura, vasectomia e diafragma. Mas recomendamos que você busque a orientação de um médico para entender qual é o mais indicado para o seu caso.



