O crack é uma droga que mistura cocaína não refinada e bicarbonato de sódio, identificada no Brasil durante os anos 1990 e que surgiu como uma forma diferente de levar a molécula de cocaína ao cérebro. A droga, encontrada na forma de cristais e fumada com o auxílio de um cachimbo, deu origem à região conhecida como Cracolândia, em São Paulo, onde centenas de usuários consomem a substância ao ar livre.
Um dos seus grandes problemas do crack é o elevado nível de dependência. “Seu uso leva uma grande quantidade de cocaína ao cérebro, quase que imediatamente após ser fumada, produzindo um efeito rápido de intenso prazer, já que chega rapidamente ao cérebro”, afirma a psiquiatra Claudia Chaves, que atua no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp.
Crack produz efeitos muito intensos e passageiros
A droga é eliminada pelo corpo rapidamente e provoca uma súbita interrupção do bem-estar. Logo em seguida surge uma enorme vontade de reutilizar o crack para aliviar o desprazer de sua falta. “O crack é uma forma mais barata, mais rápida e com efeitos mais intensos de sentir os efeitos que a cocaína causa, isto explica seu grande poder de gerar dependência”, conta a médica.
A dependência da substância é uma complicação que pode ocorrer entre os usuários. O vício está estimado entre 5% a 12% dos que experimentam a droga e está intimamente ligado a graves problemas pessoais, sociais e familiares. Considerando toda a população nacional, o uso do crack é raro, mas é mais comum em alguns segmentos da população. Seus usuários, em média, têm 30 anos de idade e vivem nas regiões Sul e Sudeste. Entre eles, 78% são homens e 80% são não brancos.
Quais são as opções de tratamento do vício de crack?
Abandonar o vício não é uma tarefa simples. Requer tratamento adequado, mudanças de estilo de vida, perspectiva de melhoria de vida e, claro, uma forte rede de apoio. “A dependência pode repercutir na qualidade das relações do usuário. Desse modo, a família e o usuário devem ser ativos no tratamento, pois são a organização social e cultural que pode ser provocadora de mudanças de comportamentos em dependentes químicos”, explica Claudia.
A especialista diz ainda que a muito discutida internação compulsória não é uma opção de tratamento: “Não existe respaldo científico que justifique o tratamento preferencialmente por internação. Inclusive, estudos demonstram que internações compulsórias apresentam uma alta taxa de recaída”. A psiquiatra explica que os tratamentos com as maiores taxas de sucesso são os que combinam atendimento médico especializado, psicoterapia, orientação familiar, entrevista motivacional, programa de desintoxicação e reinserção social e familiar.
Dra. Claudia Chaves Dallelucci é psiquiatra, formada em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes e atua no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp (Proad). CRM-SP: 151077
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