O término de um relacionamento, seja ele namoro ou até mesmo um casamento, normalmente gera sentimentos de tristeza e frustração nas pessoas envolvidas, podendo, em alguns casos, desenvolver até mesmo uma depressão. Quando este caso mais sério ocorre, diz-se que o término funciona como um “gatilho” para “despertar” os sintomas depressivos no indivíduo. Para evitar que isso aconteça, é importante buscar manter o psicológico bem estruturado.
Sentimento de perda e luto é normal em todo término de relacionamento
“O término de um relacionamento não deverá necessariamente causar um abalo psicológico. Graus razoáveis de satisfação e maturidade das pessoas envolvidas, boa qualidade da relação e percepção de que a mesma finalizou permitem um bom término. Mas existem situações em que o relacionamento é pautado em abusos, dependência, fragilidade emocional e outros fatores que podem fazer com que um término cause sérios abalos psicológicos”, afirma o psiquiatra Miguel Angelo Boarati.
O sentimento de perda e luto normalmente se fará presente mesmo em situações de maturidade, pois são reações normais, saudáveis e autolimitadas. Passam com o tempo. “Quando se busca viver relacionamentos saudáveis, em que ambos os integrantes estão satisfeitos, não abrem mão de sua individualidade e têm maturidade para lidar com o término, este processo de separação não resulta em um quadro depressivo, apenas no luto inicial considerado normal”.
Depressão após término deve ser tratada com ajuda de especialistas
A depressão tende a ocorrer mais em pessoas que desenvolvem relacionamentos tóxicos ou de muito dependência, exigindo a busca por ajuda especializada (psicológica ou psiquiátrica). “Quando não há essa busca, existe a possibilidade da pessoa não se recuperar ou se envolver em um novo relacionamento com o mesmo padrão de funcionamento”.
O especialista deverá ajudar o paciente a se conhecer e a trabalhar seus sentimentos de dependência em relação ao outro. Ele é indicado em casos de término seguido de depressão ou não. “Nos casos mais graves, em que surge a depressão, pode ser necessário o tratamento com antidepressivos para a remissão dos sintomas e recuperação clínica. Mas a psicoterapia também é essencial nesse processo”.
Quando pensar em depressão?
Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades:
– Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas;
– Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente;
– Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas;
– Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar);
– Alteração do sono: excesso de sono ou insônia;
– Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas;
– Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado;
– Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória;
– Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio.
Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica!
Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente.
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