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Corticoides afeta ou não o crescimento?

Corticóide
Prevenção

13 de junho de 2024

O crescimento é um processo natural e complexo que ocorre ao longo da vida humana, marcado por uma interação de fatores genéticos, hormonais e ambientais, representando não apenas um processo físico, mas também um indicador crucial do desenvolvimento saudável. Apesar da complexidade existente no processo de crescimento, a maioria das crianças segue um padrão notavelmente previsível de desenvolvimento. Este padrão pode ser dividido em várias fases, cada uma marcada por características distintas de crescimento. No início da vida, durante o primeiro ano pós-natal, observa-se uma rápida expansão da estatura, que gradualmente desacelera até atingir valores estáveis em torno dos 4 anos de idade. Entretanto, é durante a puberdade que ocorre um novo período de rápido crescimento, impulsionado por mudanças hormonais significativas que estimulam o estirão de crescimento (fase de crescimento acelerado). À medida que a maturação óssea se completa, esse crescimento acelerado é seguido por uma desaceleração gradual, culminando na estatura final do indivíduo. No entanto, é importante ressaltar que diversos fatores, incluindo intervenções médicas como o uso de corticoides, podem eventualmente influenciar esse processo de crescimento.

Os corticosteroides representam uma das opções terapêuticas mais poderosas para combater a inflamação no organismo. Seu uso abrange diversas condições clínicas, desde artrite reumatoide e doenças do tecido conjuntivo até situações emergenciais como edema cerebral associado ao câncer, crises asmáticas e reações alérgicas graves. Em muitos casos, esses medicamentos são verdadeiros salvadores de vidas diante de inflamações severas. Além disso, sua versatilidade se estende ao uso inalatório para o tratamento da asma, spray nasal para a rinite alérgica e até mesmo colírios para inflamações oculares. Também podem ser aplicados diretamente sobre a pele afetada em condições como eczema e psoríase, ou até mesmo serem injetados em articulações inflamadas pela artrite reumatoide.

Os corticoides, embora sejam fundamentais no tratamento de uma variedade de doenças crônicas, apresentam um número significativo de efeitos colaterais. Seu mecanismo anti-inflamatório, possibilitou sua aplicação terapêutica em condições diversas, desde asma até síndrome nefrótica em crianças e adolescentes. Contudo, é importante ressaltar que o uso prolongado de corticoides orais ou sistêmicos e em doses elevadas desses medicamentos pode acarretar consequências adversas, sendo a inibição do crescimento uma das mais preocupantes. Nos tratamentos prolongados, os corticoides podem afetar o crescimento devido à sua interferência na retenção de nitrogênio e minerais essenciais para o processo de crescimento. Além disso, eles têm um impacto direto na formação óssea ao inibir a função dos osteoblastos, células responsáveis pela síntese do osso. Esses medicamentos também exercem uma influência indireta ao diminuir a secreção de esteroides sexuais, principalmente a partir do início da puberdade, o que pode comprometer ainda mais o crescimento durante períodos críticos

de desenvolvimento físico. No entanto, é importante ressaltar que quando utilizados por períodos curtos e nas doses adequadas, os corticoides tendem a ter um impacto menor no crescimento, sendo necessário um monitoramento cuidadoso para minimizar os efeitos adversos sobre o desenvolvimento e que os corticoides inalatórios, como os utilizados para controle de asma, por exemplo, apresentam muito menor chance de impactos no crescimento estatural que os orais e sistêmicos.

O impacto dos corticoides no crescimento é variável, dependendo da dose, duração do tratamento, idade do paciente e via de administração. Estudos indicam que, geralmente, a suspensão do tratamento permite a recuperação do déficit na estatura, especialmente se interrompido antes do estirão de crescimento. A recuperação é mais provável em pacientes que receberam doses menores e por períodos mais curtos. Monitoramento cuidadoso é essencial para adaptar o tratamento às necessidades individuais e garantir uma abordagem terapêutica adequada, minimizando o impacto nos pacientes em fase de desenvolvimento.

Em resumo, os corticoides representam uma classe de medicamentos eficazes quando administrados de maneira apropriada, mas sua utilização requer cuidado devido aos potenciais efeitos adversos. Portanto, a cautela é fundamental, enfatizando a importância de utilizar os corticoides na menor dose, menor potência e pelo menor tempo possível para cada condição clínica específica. Além disso, é essencial contar com um acompanhamento médico regular para monitorar de perto os efeitos e ajustar o tratamento conforme necessário, garantindo assim uma abordagem terapêutica segura e eficaz.

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