O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada pela presença de episódios contrastantes, que são a mania/hipomania e depressão. De forma simplificada, a mania cursa com humor eufórico, autoestima e autoconfiança muito elevadas, enquanto a depressão consiste em humor deprimido, perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações no sono e apetite, cansaço, etc.
“Quando um episódio de mania/hipomania ou depressão cursa com sintomas característicos do polo oposto, chamamos esse estado de episódio misto. Os episódios mistos são comuns”, informa o psiquiatra Leonardo Fabrício Gomes. “Não se sabe ainda ao certo o que faz com que esse fenômeno ocorra, mas acredita-se que sua causa esteja ligada a fatores genéticos, psicológicos e sociais”.
Associação de sintomas no transtorno bipolar – características mistas
Segundo o especialista, esses episódios mistos de transtorno bipolar são definidos pela presença de sintomas que satisfazem os critérios para mania/hipomania, associados a, pelo menos, três ou mais dos seguintes sintomas depressivos: humor depressivo, redução do interesse/prazer, lentificação dos movimentos, pensamentos de inutilidade e culpa, falta de energia no corpo e pensamentos de morte.
“Já o episódio depressivo com características mistas apresenta os sintomas necessários para diagnosticar a depressão, além de, pelo menos, três dos seguintes sintomas maníacos: humor expansivo, autoestima inflada, pensamento acelerado, aumento de energia, aumento da fala, maior envolvimento em atividades de risco, como compras excessivas ou investimentos insensatos, e redução da necessidade de sono”, explica Gomes.
Episódios mistos de transtorno bipolar têm risco de suicídio aumentado
Os episódios com características mistas têm duração que pode variar entre semanas a meses. “Esses episódios merecem grande cuidado pois os pacientes nesse estado têm maior risco de suicídio do que os pacientes bipolares sem características mistas”, alerta.
Como este episódio específico pode ser controlado?
Para tratar esse tipo de transtorno bipolar com sucesso, são necessárias algumas mudanças nos hábitos de vida, como evitar privações excessivas de sono, evitar drogas e álcool e manter atividades físicas regulares. “A psicoterapia também pode ser muito útil, combinada com o tratamento medicamentoso. Este, geralmente, inclui estabilizadores de humor, mas também podem ser usados medicamentos antipisicóticos e antidepressivos, dependendo do tipo e status clínico atual do paciente”, explica a psiquiatra Camila Cucco.
Quando pensar em depressão?
Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades:
– Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas;
– Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente;
– Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas;
– Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar);
– Alteração do sono: excesso de sono ou insônia;
– Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas;
– Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado;
– Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória;
– Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio.
Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica!
Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente.
Dr. Leonardo Fabrício Gomes é formado em medicina pela faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e possui residência médica em psiquiatria pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). CRM-MS: 7548.
Dra. Camila Cucco é médica psiquiatra formada pela Univali e possui especialização em psiquiatria pela Fundação Mário Martins. CRM: 12979
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