A cardiomegalia é uma condição que faz com que o coração fique maior do que o normal para a idade, altura, peso e estrutura corporal. Essa não é considerada uma doença, mas uma consequência de outros problemas de saúde que merece atenção.
Para explicar tudo sobre o que é a cardiomegalia, quais seus sintomas, tratamento e as causas do coração grande, entrevistamos o Dr. Alexsandro Fagundes, cardiologista e Presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas.
O que é cardiomegalia?
Segundo o Dr. Alexsandro, “a cardiomegalia é o aumento do tamanho do coração, que ocorre devido a doenças que comprometem sua função”. Essa condição é avaliada a partir do índice cardiotorácico (ICT), medida utilizada para avaliar o tamanho do coração em relação ao tórax, que determina se a silhueta é de um coração saudável.
Principais sintomas de cardiomegalia são falta de ar e cansaço
Em alguns casos, o coração grande pode continuar a funcionar adequadamente, mas, em outros, pode levar a uma diminuição da capacidade do órgão de bombear sangue. Portanto, a cardiomegalia é algo que merece atenção, já que essa condição “Pode evoluir para um quadro de insuficiência cardíaca, cujos sintomas mais comuns são falta de ar, cansaço, inchaço e edema generalizado”, esclarece o médico.
Ainda, a falta de ar (dispneia) ocorre especialmente durante atividades físicas ou ao deitar-se, pois o coração não consegue bombear sangue adequadamente, o que leva ao acúmulo de fluidos nos pulmões.
Outros sintomas de coração grande que podem aparecer incluem dor no peito, tontura e desmaios, especialmente em casos mais graves. Assim, é importante que qualquer pessoa que tenha esses sintomas procure um médico para ter uma avaliação e diagnóstico adequado.
A atenção para os sinais de cardiomegalia deve ser ainda maior para pessoas do grupo de risco: idosos, pessoas com hipertensão arterial e doenças cardíacas em geral, como cardiopatia isquêmica, doença valvular e cardiomiopatia dilatada.
As causas da cardiomegalia costumam ser doenças que afetam o coração
A hipertensão arterial é uma das causas mais comuns de cardiomegalia, pois a pressão alta força o coração a trabalhar mais intensamente, o que, com o tempo, altera o tamanho do órgão. Além disso, doenças cardíacas como a cardiopatia isquêmica, que reduz o fluxo sanguíneo para o coração, podem resultar em cardiomegalia, pois o coração se adapta ao estresse crônico.
Ainda, outros motivos que podem ser investigados são insuficiência cardíaca pré-existente, e a cardiomiopatia, que é uma doença do músculo cardíaco que pode ter várias causas, incluindo genéticas, alcoólicas ou infecciosas.
Da mesma forma, o Dr. Alexsandro cita que “condições sistêmicas, como o hipertireoidismo, anemia severa e doenças pulmonares crônicas, também podem contribuir para o aumento do coração”. Em resumo, qualquer condição que sobrecarregue o coração ou afete sua capacidade de funcionar corretamente pode levar à cardiomegalia.
O diagnóstico da cardiomegalia é feito com base nos sintomas e exames clínicos
O diagnóstico da cardiomegalia começa geralmente com uma avaliação clínica,
em que o médico investiga os sintomas do paciente, como falta de ar, cansaço, inchaço nas pernas e palpitações. Além disso, como explica o cardiologista com quem conversamos, “o exame físico pode revelar sons cardíacos anormais, aumento da pressão venosa ou edemas periféricos, que sugerem problemas no coração”.
Da mesma forma, para confirmar o diagnóstico, alguns exames complementares são importantes. “A radiografia de tórax é um dos primeiros, pois permite visualizar o tamanho e o formato do coração”, indica, já que um coração dilatado aparece maior na imagem.
Ainda, podem ser solicitados eletrocardiogramas, ecocardiogramas, e ultrassonografias do coração. Em alguns casos, exames mais avançados para identificar a cardiomegalia, como a ressonância
magnética cardíaca ou a tomografia computadorizada, são usados para obter imagens detalhadas da estrutura do coração.
Por fim, exames de sangue também podem ser úteis para verificar a presença de marcadores de insuficiência cardíaca, que indicam uma possível sobrecarga no órgão.
O tratamento da cardiomegalia é feito principalmente por meio de medicamentos
O tratamento da cardiomegalia varia de acordo com a causa e a gravidade da condição. Até porque, o foco costuma ser no controle dos sintomas e na prevenção da progressão da doença.
Na maioria dos casos, são utilizados medicamentos, como “vasodilatadores, que ajudam a reduzir a pressão nos vasos e facilitam o trabalho do coração; betabloqueadores, que controlam a frequência cardíaca e reduzem a pressão arterial; e diuréticos, que diminuem o acúmulo de líquidos no corpo”, aponta o médico.
Além desses, também são usados remédios que ajudam a impedir que o coração mude de formato e tamanho, como os antagonistas dos mineralocorticóides. Alguns pacientes podem precisar de dispositivos médicos, como o marca-passo multissítio. Em casos mais graves, podem ser necessários procedimentos cirúrgicos, como a correção de válvulas cardíacas ou a revascularização do coração para tratar obstruções coronarianas.
Por fim, se nenhum desses tratamentos funcionar, o transplante cardíaco ou o uso de dispositivos de assistência circulatória, como ventrículos artificiais, pode ser a última opção. Ainda, o Dr. Alexsandro ressalta que “quando a condição é detectada de modo precoce e tratada adequadamente, os pacientes podem ter uma boa qualidade de vida”. Por isso a importância de estar sempre atento aos sintomas



