A asma atinge milhares de pessoas no mundo. Cada parte do nosso organismo depende de oxigênio para funcionar. Respirar é essencial e involuntário, não precisamos pensar, respiramos e vivemos. O aparelho respiratório tem a função de levar o oxigênio do ar que está na atmosfera até o sangue para ser transportado para todo o organismo. Nas células ocorrem reações de certas substâncias com o oxigênio, que permitirão o bom funcionamento do organismo. Na expiração o ar vai para fora de nosso corpo, levando com ele os componentes que o organismo não utilizou, como o gás carbônico.
As crianças pequenas têm vias respiratórias estreitas, menos rígidas e com menor número de alvéolos,responsáveis pela hematose, que é a troca de gases que ocorre devido à diferença de concentração de oxigênio e gás carbônico. Possuem também uma relativa imaturidade na defesa do seu organismo contra os germes e agentes agressores do ambiente. Os resfriados (viroses respiratórias) ocorrem com maior frequência nesta faixa etária. Além disso, crianças permanecem por mais tempo dentro de casa, ficando mais expostas a poeira e ácaros, como também fumaça de cigarro e odores de materiais de limpeza. Por esses e outros fatores é comum as crianças apresentam episódios de aperto no peito, tosse, chiado e falta de ar que se repetem e ainda são mais frequentes durante a noite. São os sintomas da asma.
Os cuidados para controlar a asma são simples, por exemplo:
– Controle do ambiente;
– Medicação adequada (para alívio das crises e depois preventivos – para evitar crises);
– Imunoterapia (vacinas para alergia);
– Fisioterapia respiratória (quando necessário);
Se é tão simples, porque tantos asmáticos têm dificuldades para controlar as crises?
Bem tudo tem seus “poréns”, mas uma coisa é certa: temos a tendência a complicar o que pode ser simples e a criança com asma deve ter uma vida normal, e não viver em um mar de proibições!
Para isso é importante ficar atento aos sintomas do seu filho, já que às vezes as crianças não expressam com clareza o que sentem. Impor uma série de restrições para evitar a crise não será a melhor solução.Em relação à higiene ambiental existe a questão sobre expor às crianças a alérgenos respiratórios, como citado, a poeirada da casa, animais de estimação, e outros componentes que causam alergias.
As recomendações pelo médico e as decisões pelos familiares devem ser ponderadas pensando no bem estar de todos. Se a criança tem uma asma de difícil controle, ou seja, não brinca, não consegue dormir e sente muita falta de ar, talvez sejam necessárias medidas rígidas. Porém para a asma leve, da criança que tosse, chia, mas brinca, se alimenta e dorme bem, a medida principal é observação e continuidade do tratamento medicamentoso. Ainda há asma de ordem moderada, quando a tosse e o chiado atrapalham as brincadeiras e o sono, cada grau exige medidas especificas e a dosagem delas depende também do comedimento e parcimônia dos pais, além das recomendações médicas.E no assunto saúde estão os exercícios físicos e os esportes.
É comum crianças com asma induzida por esforço fugirem das aulas de ginástica e educação física.
Isso acontece porque o baixo desempenho nas atividades acaba retraindo a criança. Por vezes elas optam por atividades mais tranquilas, como bonecas, jogos de tabuleiro e de videogame. Cabe aos pais a observação, e até mesmo a comparação com os amigos, para avaliar se alguma atividade da vida está sendo influenciada por limitação respiratória. Se ele não tem aptidão ou simpatia pelos esportes é uma escolha.
Análise do médico.
O médico faz perguntas para investigar cada paciente, analisar pontos como a idade, tipo físico, hábitos, e buscar compreender o cotidiano do paciente e da família para descobrir se há uma limitação por conta da falta de ar.Para os pais existem dois hábitos que podem prevenir doenças respiratórias nas crianças e merecem ser lembrados: nunca fumar em casa e praticar o aleitamento materno. Amamentar diminuiu a incidência de doenças alérgicas nos bebês. Por isso, nunca fume e amamente seu filho o máximo de tempo possível. Além de serem medidas saudáveis podem trazer qualidade de vida para toda a família.
Os medicamentos utilizados no tratamento da asma podem ser preventivos ou de alívio imediato das crises.
Os medicamentos preventivos evitam novas crises de asma. Eles atuam vagarosamente durante semanas ou meses para diminuir o inchaço das vias aéreas. Eles devem ser administrados diariamente mesmo que a criança esteja bem e sem sintomas de asma. Esses medicamentos não podem ser interrompidos e não se deve deixar de administrá-los por esquecimento, mesmo que seja por um único dia. Os remédios de alívio ajudam a interromper a crise já iniciada e podem evitar que ela se torne grave. Eles agem rapidamente promovendo a abertura das vias aéreas dos pulmões durante a crise de asma. Podem ser administrados, sob orientação médica, nos primeiros sinais de chiado, tosse, aperto no peito ou dificuldade para respirar. Frequentemente é necessário administrá-los diariamente durante uma ou duas semanas após o início da crise de asma até a melhora completa dos sintomas. Quando estes medicamentos necessitam ser administrados com muita frequência, é sinal de que a asma não está bem controlada e que há necessidade de administrar um medicamento preventivo.
Preocupação dos pais durante uma crise.
Sabemos que um pai e uma mãe que socorreram seu filho durante uma crise asmática, vendo ele mudar de cor sem respiração, ficam preocupadíssimos com qualquer chiado, e hora ou outra acordam a noite para checar a respiração da criança. Porém essa preocupação acarreta as proibições extremas; gelado, vento, chuva, friagem, piscina! E por aí vai, nada de ficar até mais tarde no clube, dormir na casa do amigo ou ir para o acampamento de férias. E tudo isso acontece, na realidade, pelo ruído de informações, por isso tirem todas as dúvidas com o seu médico e busquem tornar a vida mais simples. É preciso se auto avaliar para não se encher de culpa e acabar prejudicando as atividades da criança, viver bem e com saúde é viver com simplicidade.
Fontes:
1. Fiks,Iara Nely. Asma: superando mitos e medos./Editora Claridade, São Paulo, 2004, 168 pg.
2. Instituto da Criança, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.http://icr.usp.br/interna.aspx?portalid=@LDKRLUJ&areaid=EJGLNQQO&pagid=JQDGTMRQ&navid=-1&menuid=-1&AC=
3. ABRA-Associação Brasileira de Asmáticos. Jornal da SBA, Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Asmáticos. Edição Julho/Agosto/Setembro de 2004.http://www.asmaticos.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=44:asma-na-crianca&catid=4:artigos
A imagem é do website Shutterstock.