A advogada Claudia Vilaça é um exemplo de que não existe idade para deixar a vida mais saborosa. Aos 54 anos, ela é campeã internacional de fitness e modelo. O que hoje ela é considera como um grande desafio e prazer, alguns anos atrás passava longe da sua vida. Até os 46 anos, a paulista nunca havia colocado os pés em uma academia e muito menos cuidava da alimentação. “Era completamente sedentária, me alimentava mal e sofria com uma série de problemas de saúde, perda de força e de massa muscular, flacidez, envelhecimento precoce e me sentia exausta o tempo todo”, contra.
A mudança começou em 2008. Como o filho mais velho, Ariel, ficava muito ocioso em casa, ela sugeriu que ele fosse se matricular na academia recém-inaugurada. O filho disse que toparia se ela o acompanhasse. Foi a deixa para Claudia começar a ver a atividade física com outros olhos. Três meses depois, Ariel desistiu, mas ela seguiu adiante. “O treino era intenso: cinco vezes por semana, com pausa para descanso apenas aos sábados e domingos. Segunda, quarta e sexta fazia musculação e terça e quinta corria na esteira. Já comecei radicalizando”, lembra.
Intolerante a glúten e à lactose, Claudia passou a consumir apenas vegetais e frango ou peixe com uma colher de óleo de coco para suprir a dose diária necessária de energia. “Eu me senti ótima, uma nova pessoa. É claro que o pãozinho francês no café da manhã fazia falta, mas com o tempo me acostumei.”
Durante os anos, Claudia estava cada vez mais focada em modelar o corpo. Foi então que, aos 50 anos, ela resolveu seus limites e insegurança e se integrou à International Natural Bodybuilting Association (INBA), associação que rejeita o uso de anabolizantes, tornando-se competidora internacional de fitness. De lá para cá, Claudia conquistou diversos prêmios. “De senhora sedentária, precocemente envelhecida e flácida, passei a campeã mundial de fintes na categoria Grand Master Figure, desfilando o corpo rijo e torneado de biquíni e salto alto nos palcos de Hollywood.”
Orgulhosa, Claudia acredita que o otimismo e a determinação foram a base para se tornar uma mulher feliz e realizada. “Eu aposto no conceito ‘os 50 são os novos 30’ e trabalho para me tornar uma referência de atitude e hábitos saudáveis. Em relação a minha faixa etária, tem despertado grande interesse o fato de eu estar atravessando a menopausa livre, leve e solta. Credito à minha dieta 100% natural, sem alimentos industrializados. A verdadeira mudança começa quando você assume o controle da sua vida e para de jogar a responsabilidade nos outros.”
A MULHER NA SOCIEDADE
A psicóloga Pâmela Magalhães respondeu algumas perguntas sobre o espaço da mulher na sociedade, como ela pode ser bem-sucedida no que deseja fazer, entre outras questões que podem torná-las mais realizadas.
1 – Como você avalia o crescimento da mulher perante à sociedade machista?
Atualmente a mulher tem o seu papel discernido e maior espaço na sociedade. Ela mostra suas capacidades cognitivas e muitas vezes se coloca em frente aos homens dentro de uma empresa, ou numa empresa familiar capaz de conduzir e ser o alicerce desta relação. Percebendo este movimento, as empresas abriram mais espaço para elas, o que também possibilitou a facilitação do homem em experimentar novas funções, como serem donos de casa. Hoje um homem não tem problema em fazer a janta ou almoço, e isso é muito importante e saudável. Desde a revolução sexual, a mulher pode se atrever a explorar em vários aspectos. A inserção feminina pode deixar o homem perdido, dando até um choque no romance. Sabendo equilibrar funções, mulher e homem podem ser cúmplices e parceiros em todas atividades para que a sociedade flua e funcione da melhor maneira possível.
2 – Seja no ambiente de trabalho, seja no trânsito ou em casa, como uma mulher deve agir diante um ato de machismo ou preconceito?
Acho que a mulher não tem que entrar em atrito em função de um preconceito num ambiente de trabalho. Vamos entender isso como intolerância de alguns indivíduos. A mulher deve estar centrada no que é capaz, por isso que o autoconhecimento é importante e o nosso equilíbrio, a nossa maturidade como indivíduo são essenciais para mudar situações, e isso tudo deve ser feito através de diálogos. Hoje a mulher tem voz mais assertiva, e não ser através da revolta e da agressividade.
3 – Uma mulher que, em casa, tem referências de submissão, apresenta maior dificuldade em sair dessa “zona de conforto”? E como reverter esse quadro?
Com os valores mudados em função da inserção da mulher, principalmente profissional e domiciliar, esses valores vão ser mais repaginados e nós entendemos como conceito de amor, relacionamento e profissional muito diferente. Lembrando que não é nada melhor ou pior, é só consequência da forma como essa mulher e homem se posicionam. A mulher tem esse lugar diferente hoje, mas os homens também expandiram. A mulher experimenta atividades exclusivas dos homens, como vice-versa. Então se a gente pensar dessa forma, entende que tem resquícios machistas, mas não acha que tudo é ruim. Do romantismo vem a ideia de proteção, do cavalheirismo, de fazer por ser como sexo frágil, mas hoje com movimentos de gentileza, elas podem manter todo o encantamento da relação.
4 – Fatores que denigrem a mulher podem gerar quais tipos de doenças psicológicas?
As agressões só têm espaço na nossa vida se elas, de alguma forma, couberem nela. Por exemplo, as ofensas e agressões só tem ressonâncias se nós concordarmos ou tivermos incertezas sobre aquilo. Se eu estiver certa daquilo que eu quero, as ofensas baterão e voltarão, só fica o que se encaixa. Eu, como mulher, devo pensar o seguinte: que eu seja maior que isso, que eu seja do tamanho que eu sou, que se aquilo não me servir, eu deixe com o outro. É só desta forma que nós conseguimos nos defender na vida.
5 – Quais são os pontos que a mulher identifica estar sendo vítima de assédio sexual e qual a postura mais adequada neste caso?
Podemos pensar em vários tipos de assédios, seja um chefe usando o poder, seja um chefe perverso, ou dentro de uma relação em que o marido usa da própria força para agredir. Precisamos entender que através das nossas atitudes permissivas, estamos alimentando isso de uma forma masoquista e estagnando num posicionamento vitimado, ou se estamos nos posicionando numa forma de que aquilo se iniba e não continue. O assédio persiste quando há uma dupla condizente, então, o vampiro só vai conseguir morder a vítima que estiver com o pescoço amostra. Então que a gente passe a observar esses movimentos para que eles não cresçam. Dentro da empresa, é importante entrar em contato com RH, buscar testemunhas, ou seja, ir em prol de uma defesa daquilo que agride, e não ficar no mesmo lugar perpetuando e alimentando o assediador.
6 – Em qual momento é viável a busca de um profissional?
Toda mulher que se perceba abatida, vulnerável e muito machucada e permite ser atacada por movimento agressivos, precisa de uma ajuda profissional a fim de se fortalecer internamente para que tenha recursos para se defender e ter um melhor posicionamento na vida. Se ela estiver fraca, pode ter patologia depressiva, ansiosa e outros tipos também. Pode ter patologias físicas, com sintomas à consequência das dores que vivemos e não conseguimos nos defender. E para fechar, o momento de procurar uma ajuda profissional é sempre quando perceber que há um prejuízo na vida. Eu vejo alterações na minha vida que eu não me sinto bem. Não preciso estar no caos para procurar ajuda, ela é sempre bem-vinda e não é sinônimo de fraqueza, e sim, conscientização de uma necessidade.
7 – Com anos, a Claudia Vilaça deixou o sedentarismo de lado, aos 46, quando foi fazer academia junto ao filho e hoje é uma mulher realizada. De que forma, psicologicamente, essa transformação pode agir na cabeça de uma mulher? E como buscar esta autoestima?
A Claudia resolveu resgatar sua autoestima e descobriu como poderia mudar através do exercício físico. A autoestima é a forma como eu me percebo. Eu me estimo quando sou importante para mim e faço movimentos em prol de mim mesmo. Quanto maior a minha autoestima, mais escolhas construtivas faço para mim, como a Claudia fez movimentos e entrou num ciclo positivo de vida. Quem não está com a autoestima legal deve, desde já, buscar isso. Não precisa de movimentos extemos, mas qualquer ato já é grau para estar bem consigo mesmo.
8 – Quais as dicas para uma mulher ser realizada e feliz?
Ela precisa entender que não existe um estado pleno, e sim, tudo é uma construção. Quanto ela mais se aprofundar nos próprios recursos, interessar-se em aprimorar, alimentar autoestima, ter amor próprio, ser realizada naquilo que almeja, fazendo aquilo que lhe deixa feliz, será realizada. Fugir dos padrões sociais e buscar o que é importante para ela. As pessoas ficam preocupadas com o que a sociedade impõe, e esquecer de ouvir o que é importante para ela. A mulher pode querer ser uma executiva ou ser dona de casa e cuidar dos filhos. Não importa o que seja! Nós devemos olhar para tudo isso com menos preconceito. Felicidade é algo individual e intransferível. Não devemos nos comparar a ninguém, as comparações são sempre drásticas e infelizes.
Pâmela Magalhães é psicóloga especialista clínica, hospitalar e terapeuta de casal e família CRP 06/88376