
Sabrina Miranda
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Dislexia: o que é e como identificar seus sintomas?
A dislexia também é conhecida como Transtorno Específico de Aprendizagem com deficiência na leitura. Assim, seus sintomas fazem com que haja uma maior dificuldade no aprendizado da leitura, reconhecimento de letras e compreensão do que está sendo lido. Essa é considerada uma condição comum, já que se estima que afeta cerca de 3 a 7% da população, segundo uma publicação feita na revista CoDAS. Como o diagnóstico dessa condição envolve uma equipe multidisciplinar, muito se questiona sobre quais os sintomas da dislexia e como identificá-la. Para responder todas as dúvidas sobre o tema, conversamos com a psicopedagoga Sabrina Miranda e produzimos este guia completo. Sintomas de dislexia incluem dificuldades na leitura e no reconhecimento de letras A dislexia é um transtorno específico que prejudica a leitura e o processo de aprendizagem de um indivíduo. Ela dificulta o reconhecimento de letras, a decodificação das palavras, a fluência e a compreensão. Por isso, é comum haver dificuldade de leitura e compreensão textual. Outra característica marcante sobre a condição é que as pessoas podem apresentar sinais diferentes. Entre os principais sintomas de dislexia, Sabrina ressalta que “Em geral, a pessoa possui dificuldade em identificar e nomear grafemas (letras) na fala e na escrita, compreender ou trocar os fonemas (sons das letras) na fala e na escrita, além de escrever palavras espelhadas (ao contrário), com omissão ou acréscimo de letras nos termos”. Existem fatores genéticos associados à dislexia A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento biológico, portanto, pode ser causado por fatores genéticos e ambientais. Assim, os fatores ambientais podem se manifestar em crianças que não receberam as estimulações adequadas para durante seu desenvolvimento. Por isso a dificuldade nessa linha de aprendizagem. Os fatores genéticos também têm fortes relações com o desenvolvimento do transtorno. Um estudo publicado na revista Nature em 2022 identificou 42 variantes genéticas associadas à dislexia. Assim, a psicopedagoga explica que é comum que a dislexia se apresente desde a infância. Por isso, as dificuldades na área de linguagem podem se manifestar nos primeiros anos escolares, principalmente, no período de alfabetização. A exceção costuma ser para “Pessoas que sofreram algum acidente ao longo da vida ou possuem alguma doença cerebral degenerativa, que influencia na percepção e processamento de informações verbais e não verbais”, relata Sabrina. Para validar os sintomas da dislexia, é preciso seguir manuais consolidados Os sintomas da dislexia podem ser confundidos com outros distúrbios do aprendizado e precisam ser estudados com cautela. Por isso, a psicopedagoga indica que na avaliação de cada caso, é importante ter como base o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) para identificar corretamente as características de cada transtorno de aprendizagem. Até porque, “Quando falamos de transtornos relacionados ao desenvolvimento, existem outros que podem ser confundidos com a dislexia, como o Transtorno Específico de Aprendizagem com deficiência na expressão escrita (disortografia) e Transtorno Específico de Aprendizagem com deficiência em matemática (discalculia)”, explica Sabrina. Ela adiciona que é comum pessoas com dislexia apresentarem dificuldades na escrita ou na matemática. Porém, saber identificar as nuances do transtorno é importante para o diagnóstico. Caso contrário, os objetivos não serão alcançados durante o tratamento. O tratamento da dislexia envolve uma equipe multidisciplinar Orientados por um psicólogo ou fonoaudiólogo, as pessoas diagnosticadas com dislexia fazem acompanhamento para estimular as áreas que apresentam maiores prejuízos. Dentro das atividades propostas, Sabrina explica que “o objetivo é desenvolver as habilidades metafonológicas, incluindo a identificação de palavras, nomeação rápida de objetos, além da ampliação de vocabulário. Outras metas podem ser: melhorar a linguagem falada, escrita de palavras simples e complexas, frases, textos, leitura, fluência e compreensão de leitura”. Em casa, a família deve seguir as orientações do profissional e sempre anotar os progressos do indivíduo com dislexia. Além disso, é importante que adaptações sejam feitas no ambiente escolar, a partir da orientação do profissional que acompanha a criança ou adolescente. Na escola, as atividades para auxiliar as crianças e adolescentes com dislexia é a envolvem realizar provas adaptadas. As provas são adaptadas segundo os principais desafios daquela pessoa. Além dessas, outras dicas são a promoção de “Um ambiente calmo e sem oportunidade de distrações para a aplicação das provas, com mediador que auxilie na leitura e orientação das questões, uso de fontes maiores, maior espaçamento entre palavras e linhas, além de textos mais curtos e objetivos”, detalha a psicopedagoga. TDAH, dislexia e dislexia podem coexistir É comum que o TDAH e a dislexia sejam confundidos. Até porque, as características similares ao TDAH estão principalmente relacionadas à falta de atenção, concentração e memória. Embora seja comum que pessoas com TDAH tenham dificuldade na leitura e escrita, não é uma regra. Além disso, é possível que algumas pessoas tenham ambos os transtornos, o que é chamado de comorbidade. Além do TDAH, outra condição que pode surgir como comorbidade é o TDL (Transtorno de Desenvolvimento da Linguagem). Nesse caso, “A área da linguagem é prejudicada a níveis de compreensão sintática, morfológica, semântica e fonológica, sendo possível afetar a linguagem verbal”. Em ambos os transtornos, o processo de leitura sofre prejuízos, mas com características distintas. Por isso, uma avaliação caso a caso é importante.