
Dra. Rita de Cassia Lopes Sousa Amaral
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Crise de endometriose: sintomas que podem indicar a doença
A endometriose está entre os assuntos mais debatidos nos consultórios ginecológicos nos últimos tempos. Por ser uma doença que afeta cerca de 180 milhões de pessoas no mundo todo, sendo 7 milhões apenas no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a identificação dos sintomas da endometriose torna-se um ponto crucial para o diagnóstico certeiro, embora a endometriose não tenha cura, o tratamento precoce e eficaz ajuda a prevenir uma provável crise de endometriose. Apesar de o termo ‘crise’ não ser aprovado do ponto de vista médico, é uma expressão muito usada pelos pacientes para definir as dores causadas por essa condição. Para entender melhor por que essas ‘crises’ acontecem e seus principais sintomas, convidamos a ginecologista Rita de Cassia Lopes Sousa Amaral. Acompanhe! O que é endometriose? Saiba mais sobre a doença “A endometriose é uma patologia que, infelizmente, acompanha a mulher desde a adolescência (por volta dos 14-16 anos) e, às vezes, persiste ao longo da vida até que ela entre na menopausa e fique livre dessa condição”, comenta a médica. Para compreender melhor a endometriose, também é necessário entender o que é o endométrio. “Essa camada uterina é uma mucosa que reveste a cavidade do útero e serve como ninho para o feto, sendo o local que ajuda o feto a fixar e crescer”, esclareceu Rita de Cássia. A endometriose, portanto, seria uma desordem dessa camada. “A sílaba ‘ose’ é um sufixo que significa fora do lugar. Então, a endometriose é o endométrio fora do lugar. Se ela cai no período menstrual em algum lugar, ela pode se alojar onde caiu. Pode ser no meio do músculo uterino, na vagina, no colo do útero ou até passar pela trompa”, continua a médica. Endometriose não atinge apenas o útero É importante lembrar que pode haver endometriose mesmo fora do sistema reprodutor. “A trompa faz uma comunicação entre a cavidade uterina e a cavidade abdominal, podendo transportar o endométrio para qualquer lugar da cavidade, como peritônio, ovário, intestino e em cima da bexiga. Existem também pessoas que têm endometriose no nariz e no pulmão. Endometriose é o foco de endométrio em qualquer lugar do corpo”, revela a especialista. Quais são os principais sintomas de endometriose? O principal sintoma destacado pela ginecologista é a dor intensa. “Pacientes que têm endometriose, geralmente na primeira, segunda ou terceira menstruação, já relatam cólicas muito fortes”, diz Rita. “A dor da endometriose é uma dor que deixa a pessoa desorientada”. Outro problema é a infertilidade. Rita explica que os focos de endometriose podem interromper as passagens da trompa, dificultando a fertilização. “Isso forma um bloqueio e torna mais difícil engravidar, pois, às vezes, a trompa entope e, em outras situações, ela fica fixa”, detalha a ginecologista. Como identificar uma crise de endometriose? Embora seja um termo bastante usado pelos pacientes para definir as dores e demais incômodos desse distúrbio, a crise de endometriose, na verdade, não existe do ponto de vista médico. A Dra. Rita de Cássia esclarece que a endometriose é uma doença evolutiva e crônica. “Temos que entender que é algo muito complexo para ser chamado apenas de crise. Crise é algo que tem princípio, meio e fim. A endometriose é algo que se arrasta nas pessoas por muitos anos”. Se suas cólicas são muito insuportáveis, incapacitantes – impedindo você de realizar atividades laborais ou de esforço – e causam sintomas associados, como náuseas, vômitos e desmaios, isso pode ser um forte indício de endometriose. O ideal é procurar um profissional ginecologista com urgência para fazer o diagnóstico correto do caso. Opções de tratamentos para endometriose Apesar de crônica, a endometriose possui tratamento, que pode variar conforme a gravidade e a localização do distúrbio. Dentre as opções está o uso de medicamentos hormonais. Sua composição é capaz de conter a formação do endométrio, tratar e impedir que a mulher continue menstruando. Entretanto, há casos em que o procedimento cirúrgico é necessário para a remoção do tecido endometrial. Rita destaca que esse deve ser um tratamento pensado com muito cuidado, pois é uma cirurgia difícil que pode interferir em vários órgãos, como intestino e trompas, por exemplo, além de ser radical na maioria das vezes (envolvendo a remoção do útero ou até de todo o aparelho reprodutor). “Essa é uma das alternativas, mas é um tratamento drástico que deve ser usado como última opção”, finaliza a ginecologista.