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Dra. Renata Coutinho

Infectologia,Pediatria

Biografia

Dra. Renata Coutinho é pediatra e infectologista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Artigos

Infecções que causam diarreia em crianças são mais frequentemente contraídas pela água ou por alimentos contaminados?

A alimentação infantil, assim como a ingestão de líquidos, deve ser motivo de atenção para seus pais e responsáveis. Um dos motivos principais é o fato de que o sistema imunológico dos pequenos ainda está em desenvolvimento, o que facilita casos de infecções contraídas pela água e por alimentos e que são capazes de provocar diarreia em crianças. Alimentos contaminados causam diarreia em crianças, especialmente no verão “As gastroenterites podem ser causadas por vírus ou bactérias. As virais podem ser contraídas através do contato entre as pessoas, enquanto as bacterianas ocorrem frequentemente devido à ingestão de alimentos contaminados”, afirma a pediatra e infectologista Renata Coutinho. Estes problemas são frequentes em crianças, mas também afetam os adultos. Além disso, tanto o consumo direto de água imprópria quanto seu uso para lavar alimentos, como frutas e verduras, também são responsáveis por desencadear infecções e diarreias. Cólera, giardíase, hepatite A, leptospirose e esquistossomose estão entre as principais doenças causadas pela água contaminada. Infecções causam diarreia, enjoo e febre Segundo a especialista, a diarreia nas crianças é um quadro clínico comum durante o verão e uma das principais causas de atendimento em emergências e até internação neste período do ano. “Na vigência destes quadros há, de maneira geral, perda de peso e do apetite, que melhoram em média até 7 dias e a recuperação do peso inicial se dá conforme a dieta é restabelecida”, explica a profissional. A suplementação de zinco também pode auxiliar no processo de recuperação do organismo, mas é importante conversar com um médico, para que ele aponte o melhor curso de tratamento para cada caso. Além da diarreia, as crianças podem apresentar ainda dor abdominal, enjoo, febre e vômitos. “Nos casos em que há perda de líquido, a hidratação é de extrema importância, especialmente quando há perdas importantes”, diz Renata. Nos casos de desidratação grave, é possível observar uma redução importante do volume urinário, olhos encovados, prostração e perda da elasticidade da pele. Foto: Shutterstock

Quais são as principais doenças infantis que podem ser prevenidas pelo reforço da imunidade?

Durante a infância diversas doenças acometem as crianças por conta da baixa imunidade, sendo que em cada fase há quadros que ocorrem com mais frequência. Na fase que começa a partir do momento em que o bebê completa seis meses de vida, por exemplo, as infecções respiratórias virais são bastante presentes. O reforço da imunidade é essencial para evitar ao máximo essas infecções.   Queda da imunidade na infância e doenças decorrentes “A queda transitória da imunidade na infância pode ser desencadeada por vários fatores. A partir dos 6 meses de vida, existe a queda fisiológica da imunidade, um processo esperado, onde há a substituição da imunidade repassada pela mãe pela capacidade própria da criança de combater as infecções. Nesta mesma fase, muitas crianças ingressam na creche e passam a conviver com outros lactentes, o que aumenta o risco de infecções”, explica a pediatra Renata Coutinho. Segundo a médica, nas crianças mais velhas o risco pode estar associado à má alimentação, privação de sono e excesso de atividades, sendo as doenças de imunidade mais raras. Hábitos para reforçar a imunidade em crianças e riscos de não adotá-los Para que as crianças tenham a boa imunidade, recomenda-se que a reforcem com hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática moderada de esportes supervisionados e horários de descanso, respeitando a demanda pela idade. “A abstinência de todas essas orientações, para crianças sem doenças associadas, não resulta em sequelas graves do ponto de vista infeccioso. Estas crianças são mais vulneráveis às doenças comuns da infância, mas, de maneira geral, evoluem com melhora”, afirma. O uso de imunomoduladores também pode ser indicado, especialmente para reforçar o sistema de defesa do corpo antes do início das aulas, por exemplo, um período no qual a criança entra em contato próximo com vários outros indivíduos da mesma idade, um contexto favorável à transmissão de doenças respiratórias. A má adesão aos bons hábitos acima citados geram consequências a longo prazo e mais preocupantes que a própria queda transitória da imunidade. “Crianças com rotinas estressantes e com alimentação rica em carboidratos, açúcares e produtos industrializados, são mais suscetíveis a outros transtornos, como diabetes, baixo rendimento escolar, obesidade infantil, transtornos de ansiedade, entre outros. Portanto, a imunidade, neste caso, é o elemento menos afetado no contexto global de saúde do indivíduo”, conclui Renata. Foto: Shutterstock

Diarreia em crianças: qual a quantidade de água recomendada para hidratação?

O principal problema da diarreia é a desidratação, especialmente quando a perda de líquido é demasiada. Em crianças, esse risco se torna mais elevado e alarmante pois a composição corpórea de água dos pequenos é maior do que a dos adultos. Além disso, o sistema imunológico na infância ainda não está totalmente desenvolvido, o que faz com que a perda de sais minerais junto aos líquidos seja mais sentida.    “A perda de líquido afeta de maneiras distintas as diferentes faixas etárias. Os bebês menores de 1 ano, por exemplo, têm proporcionalmente mais líquido no organismo, o que faz com que diarreia e vômito nesta faixa possam evoluir de forma mais grave. Quando há diarreia, vômito e recusa de líquidos, o risco de desidratação aumenta até mesmo nas crianças maiores”, afirma a pediatra Renata Coutinho. Reposição oral de líquido em quadros de diarreia com desidratação A quantidade de água a ser reposta varia de acordo com o peso da criança. Pode ser de apenas 100ml/kg por dia, chegando a mais de 2.000ml/kg por dia, segundo a médica. Ela destaca que a reposição de líquido é um processo complexo que exige avaliação médica, podendo ser necessária, inicialmente, a reposição rápida por via oral, a qual é feita com soro de reidratação oral. “O soro é recomendado porque contém os demais elementos perdidos através da diarreia, como o sódio e o potássio”. De acordo com a especialista, bebês menores de 12 meses com diarreia volumosa e em muitos episódios, provavelmente não terão sucesso com hidratação oral. “Isso também pode ser aplicado para as crianças que apresentam, além de diarreia, os vômitos, que impossibilitam a reposição oral de líquidos. Nos outros casos, pode-se tentar a reposição oral sob orientação médica, pois há menor risco de complicações”. Alimentação das crianças com diarreia não precisa ser restringida Não há atualmente qualquer orientação restritiva quanto à alimentação dos indivíduos com quadro agudo de diarreia. A recomendação principal, especialmente quando há vômitos associados, é oferecer, preferencialmente, líquidos em pequenas quantidades e maior frequência. “Os sólidos podem e devem ser oferecidos conforme aceitação e demanda da criança”. Foto: Shutterstock

Por que é importante reforçar a imunidade das crianças no inverno?

A queda da temperatura contribui para a disseminação de doenças respiratórias, que são as principais doenças que acometem as crianças no inverno (a maioria delas é viral e não necessita de tratamentos específicos). Por isso é importante reforçar a imunidade dos pequenos nas épocas mais frias do ano, o que pode ser feito com hábitos de vida saudáveis. A imunidade ainda hoje é objeto de estudo científico, com inúmeras descobertas recentes, mas muitas perguntas a responder. Exceto nos casos em que há doença do sistema imune, não existe nenhuma orientação específica para melhorar a imunidade. Contudo, algumas orientações gerais de certa forma influenciam positivamente as defesas do corpo. Hábitos saudáveis que ajudam a reforçar a imunidade “Bons hábitos alimentares, com alimentos frescos, frutas, verduras e legumes, prática de atividade física regular, e respeito aos períodos mínimos de descanso, são exemplos do que ajuda no reforço da imunidade”, comenta a pediatra Renata Coutinho. “Em resumo, o bem-estar bio-psico-social influencia diretamente na saúde física e na capacidade de combater as infecções nas crianças”, completa. O sistema imune pode sofrer influência do desequilíbrio de alguns hormônios, por exemplo, em caso de estresse. Logo, crianças que se alimentam mal e são sobrecarregadas de atividades, sem pausas para descanso físico e mental, seriam, em teoria, mais vulneráveis imunologicamente. “Por isso hábitos saudáveis, lazer e descanso são tão importantes”. Fatores que contribuem para a presença de doenças infecciosas no inverno A concentração de pessoas em ambientes fechados, com circulação de ar restrita, a umidade relativa do ar e as baixas temperaturas, atuam como fatores em conjunto que colaboram tanto para a disseminação de doenças infecciosas, quanto para desencadear crises alérgicas nas pessoas que já possuem alergia respiratória. Foto: Shutterstock

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