
Dra. Regina Alice Fontes Von Kirchenheim
Reumatologia
Biografia
Dra. Regina Alice Fontes Von Kirchenheim é formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Iniciou sua carreira como residente de Clínica Médica na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, permanecendo na cidade por 2 anos, trabalhando na Secretaria Municipal de Saúde como médica assistente. Posteriormente, mudou-se para Brasília, onde fez durante 2 anos consecutivos, a residência médica em Reumatologia pelo Hospital Universitário de Brasília. Desde então, fixou residência na capital. Recentemente, ingressou na Gestão da Saúde, onde tem atuado como Assessora de Planejamento em Saúde da Superintendência da Região de Saúde Central, que faz parte da Secretaria de Saúde do Distrito Federal desde fevereiro de 2018, mas ainda mantém atendimento aos pacientes das redes pública e privada.
Artigos
Por que os ossos perdem cálcio? Como funciona esse processo?
Em geral, os ossos crescem somente até os 20 anos de idade e sua densidade atinge o pico por volta dos 35. Desta faixa em diante o equilíbrio entre os processos de reabsorção e criação dos ossos vai gradativamente sendo abalado, o que resulta na perda óssea, que é comum ao envelhecimento natural. Nesse contexto, minerais importantes na formação dos ossos, como o cálcio, se tornam mais escassos. “O processo de formação e de ‘destruição’ do osso é dinâmico e permanente. A princípio há mais formação do que destruição, mas após o pico de densidade óssea, que ocorre por volta dos 30 anos, ocorre uma inversão, ou seja, mais destruição do que formação”, explica a reumatologista Regina Von Kirchenheim. Risco maior para as mulheres e benefícios do cálcio A médica informa que a perda de massa óssea é maior nas mulheres do que nos homens, especialmente na peri e pós-menopausa, quando o estrogênio deixa de ser um fator protetor para o osso. Este hormônio retarda a reabsorção do osso e reduz sua perda. Além disso, contribui para o fortalecimento do esqueleto por promover a fixação de cálcio nos ossos. “O cálcio é resultado da interação entre a absorção pela alimentação, eliminação pelos rins e liberação do osso. Ele é importante na fisiologia das células, especialmente as musculares e nervosas, nos processos de coagulação e na composição de dentes e ossos. Alterações pequenas em sua quantidade podem desencadear alterações significativas no organismo”. As quantidades diárias recomendadas de cálcio variam de acordo com a faixa etária. Para jovens até 18 anos, gestantes e lactantes, são 1.300mg/dia, o equivalente a cinco copos de leite de 200ml. Para a faixa entre 19 e 50 anos, são recomendados 1.000mg/dia, o equivalente a quatro copos de leite de 200ml. A partir dos 50 anos, a quantidade vai para 1.200mg/dia, ou quatro copos e meio de leite. Caso você seja intolerante à lactose ou não tenha como obter essas quantidades apenas pela alimentação, a suplementação é recomendada, para reduzir os riscos de osteoporose e para manter os ossos saudáveis e resistentes. Fatores de risco e prevenção da perda óssea Outros fatores de risco para a perda óssea: doenças como hipertireoidismo, artrite reumatoide e diabetes mellitus; tabagismo; sedentarismo; e idade avançada. A prevenção da perda óssea pode ser feita por meio de dieta rica em cálcio, prática de atividade física e exposição ao sol. “Nos casos com risco maior de perda óssea, é indicado ir ao médico em busca de um tratamento mais específico”. Foto: Shutterstock
Saiba como é feita a densitometria óssea, o exame que diagnostica a osteoporose
Pessoas com suspeita de osteoporose podem recorrer a um exame moderno para um diagnóstico preciso. É a chamada densitometria óssea, que utiliza uma técnica de dupla emissão de fótons e raios X, conhecida como Dexa, para avaliar a densidade mineral dos ossos do corpo. O exame é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o melhor para este tipo de diagnóstico, desde 1994. Ele é realizado em aparelhos sofisticados e é capaz de detectar, em cerca de dez minutos, a diminuição da massa óssea e a possibilidade de fraturas. É indicado para mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70. Abaixo desta faixa etária, pessoas com histórico familiar, com fraturas prévias ou fumantes também devem fazer a densitometria óssea. Indolor e rápido O exame deve analisar pelo menos dois ossos, como afirma a reumatologista Regina Von Kirchenheim: “Frequentemente analisamos o colo do fêmur e a coluna lombar, mas quando algum desses lugares estão impossibilitados de serem analisados, podemos usar ainda o antebraço para análise.” O procedimento é bem parecido com o dos exames de raio X. O paciente deita em uma espécie de mesa que emite radiação. Uma parte da máquina deverá se movimentar pela área a ser verificada sem tocar no paciente e sem lhe causar dor. Enquanto isso, ela capta a radiação e transmite os dados a um computador, que fará toda a análise da densidade óssea. Sem riscos à saúde O aparelho não oferece riscos à saúde, já que os valores da radiação são baixos e é equivalente à quantidade que uma pessoa recebe no dia a dia. “A densitometria óssea é diferente das radiografias porque o nível de irradiação é aproximadamente 10 vezes menor. É um exame indolor que não requer nenhuma preparação especial, nem jejum”, conta a reumatologista. Ele fica pronto cerca de 20 minutos depois do procedimento, mas é preciso esperar pelo laudo emitido por um médico, o que pode demorar até 48 horas.
O reumatismo pode comprometer o dia a dia das pessoas por causa da dor?
O reumatismo, termo genérico popularmente usado em referência a um grupo de doenças que acometem, principalmente, ossos, articulações e músculos (doenças reumáticas), pode tornar a vida de um indivíduo bastante difícil em função da dor. “As atividades rotineiras e laborais podem ser seriamente comprometidas pelo incômodo”, afirma a reumatologista Regina Von Kirchenheim. Sintomas e tratamento do reumatismo Segundo a médica, o paciente com doença reumática pode apresentar, além da dor, inchaço das articulações, endurecimento da articulação no período da manhã e até mesmo sintomas mais gerais, como febre, perda de peso, fadiga, dentre outros. Esses sintomas vão variar de acordo com o tipo de doença reumática apresentada. A dor do reumatismo pode ser minimizada a partir de um tratamento multidisciplinar que engloba a educação do paciente com relação à doença que ele tem, processos de reabilitação, como fisioterapia e RPG, métodos não medicamentosos, como acupuntura, além da medicação específica, cuja prescrição deve ser individualizada para cada paciente. Perigos associados ao reumatismo As doenças reumáticas necessitam de um reconhecimento e tratamento adequado por um especialista, especialmente aquelas que podem ter um comprometimento mais grave como é o caso do lúpus eritematoso sistêmico e das vasculites. Essas doenças podem prejudicar órgãos gravemente, inclusive com risco de morte para os pacientes. “Todavia, isso não quer dizer que o diagnóstico de uma dessas doenças reumáticas seja uma sentença de morte. É importante lembrar que elas podem ter diversas apresentações, desde manifestações mais brandas até mais graves e fatais. Então, deve-se empenhar no tratamento, fazendo tudo aquilo que o médico recomendar”. Foto: Shutterstock
Qual é a dosagem ideal para remédios contra a dor muscular?
A maioria das pessoas recorre ao uso de remédios quando estão com dor muscular, optando frequentemente pela automedicação, seja com analgésicos ou anti-inflamatórios. Contudo, esses remédios podem gerar consequências negativas caso sejam tomados em excesso. Portanto, o ideal é sempre consultar um médico para saber qual a quantidade ideal, dependendo da intensidade da dor. Uso de medicamento contra dor muscular deve ser indicado por médico “O uso indiscriminado de anti-inflamatório pode levar a danos gástricos, renais e cardiovasculares. Dá pra perceber que muitas pessoas confundem anti-inflamatórios com miorrelaxantes e analgésicos, e isso coloca a vida delas em risco”, comenta a reumatologista Regina Von Kirchenheim. Segundo a médica, além da quantidade, não dá pra definir precisamente qual o medicamento ideal para o tratamento da dor muscular sem ter a opinião de um especialista. “Tudo vai depender da consulta e de uma avaliação médica. Só assim será possível ver qual o tipo de lesão e qual o tratamento mais adequado para ela”. Métodos para evitar dor e lesões sem precisar de remédios Uma forma de evitar ao máximo o consumo de remédios contra dor muscular é buscar outros métodos de amenizar o incômodo. Preparo e orientação na realização adequada da atividade em si, assim como nos exercícios de alongamento prévios, ajudam a evitar lesões. O aumento progressivo de peso e intensidade na hora da atividade é outro fator que contribui nesse sentido. “Não adianta uma pessoa chegar na academia com baixa quantidade de massa magra e alto teor de massa gorda e achar que em um mês com progressão rápida das atividades terá uma resposta rápida do ganho de músculo. Isso não vai acontecer, muito pelo contrário. A tendência é que esse indivíduo apresente lesões que irão incapacitá-lo para a atividade”. Foto: Shutterstock
Gota tem cura? Como fazer para controlar as crises dolorosas?
A gota é uma doença que não tem cura, mas as crises de dor comuns ao quadro podem ser controladas. Segundo a reumatologista Regina Von Kirchenheim, isso pode ser obtido por meio da orientação do paciente, dieta e tratamento medicamentoso. Remédios anti-inflamatórios são indicados para amenizar tanto a inflamação quanto a dor, mas devem ser prescritos por um médico, que também deve acompanhar o tratamento a fim de evitar efeitos adversos e riscos do uso prolongado. Medicamentos específicos, dieta e hidratação ajudam a controlar crises de dor da gota Porém, apenas o uso da medicação anti-inflamatória não é o suficiente, já que ela não reduz o excesso de ácido úrico no sangue, que é o principal motivo para a manifestação da doença. Para controlar os níveis desse ácido no sangue, podem ser utilizados medicamentos específicos que bloqueiam a produção da substância ou que ajudam os rins a eliminar o ácido úrico pela urina. A dieta também é fundamental nesse sentido, pois diversos alimentos aumentam os níveis de ácido úrico no sangue, especialmente os que são ricos em proteínas, como queijo, carnes vermelhas e frutos do mar. Além disso, beber água é muito importante, pois ajuda a remover, pela urina, o excesso do ácido úrico. Recomenda-se a ingestão de 2 a 4 litros de água por dia. Identificando e tratando a gota Conforme aponta a reumatologista, é necessário, primeiro, caracterizar o tipo de gota para que se possa prescrever as medicações que irão promover, durante o tratamento, uma redução de ácido úrico na corrente sanguínea. A forma pela qual ocorre o acúmulo de ácido úrico norteia a classificação do tipo da doença. “Pode ser do tipo hipoexcretor, ou seja, que elimina pouco ácido úrico na urina, ou hiperprodutor (produz ácido úrico em excesso por um transtorno genético associado”, afirma Regina. A médica explica ainda que a gota tem potencial genético associado, o que significa que nem todo mundo que tem ácido úrico elevado desenvolve, necessariamente, a doença. No entanto, algumas práticas devem ser adotadas universalmente. “O importante é sempre manter uma vida saudável, com atividade física e dieta adequadas. Quando houver surtos de artrite (dor, aumento de volume, inchaço e vermelhidão nas articulações), o paciente deve procurar um especialista”, completa. Foto: Shutterstock
Remédio para dor muscular atrapalha resultados da musculação?
Quem começa a malhar na academia buscando sair do sedentarismo, emagrecer ou alcançar resultados corporais mais satisfatórios, costuma sentir dores intensas nos dois primeiros dias, geralmente, após a primeira sessão “puxando ferro”. O incômodo leva muitas pessoas a usarem relaxantes musculares, até para conseguirem seguir normalmente com os exercícios. Contudo, essa prática pode atrapalhar o efeito da própria musculação. “Os medicamentos utilizados para o tratamento da dor muscular, sejam eles anti-inflamatórios ou miorrelaxantes, podem causar resultados ruins na musculação. Com a dor, a tendência acaba sendo diminuir ou até mesmo parar de realizar o movimento que esteja causando o incômodo, ou usar algum desses medicamentos”, explica a reumatologista Regina Von Kirchenheim. “O problema dos remédios é que eles mascaram a dor, o que pode resultar em lesões graves que comprometam a função muscular”, completa. Influência dos anti-inflamatórios no processo de hipertrofia muscular Ao reduzir a dor e inflamação geradas pelo desgaste muscular dos exercícios, os anti-inflamatórios prejudicam a hipertrofia, que é o processo de crescimento dos músculos, o qual ocorre justamente por meio da inflamação. Para crescer, as fibras musculares precisam se recuperar sozinhas, naturalmente, com dor e inflamação mesmo. Por isso que tomar esses remédios significa retardar o crescimento dos músculos. Mais especificamente, os anti-inflamatórios não esteroides atuam na inibição de enzimas ligadas ao processo de inflamação, tais como a cicloxigenase. Ela é responsável pela formação de uma substância chamada prostaglandina. Quando estas são bloqueadas, evita-se as dores e inflamação, mas também a hipertrofia muscular. Como diminuir dores e lesões sem prejudicar o crescimento dos músculos? Optar por não usar os anti-inflamatórios implica em aceitar a dor muscular, mas isso não significa que você não pode arrumar formas de amenizá-la. Fazer alongamento após o treino é uma boa pedida. O uso de suplementos antes do exercício também ajuda a evitar lesão muscular. “Existem suplementos que ajudam na melhora da performance muscular, mas sempre é adequado procurar um profissional capacitado que faça a prescrição do suplemento ideal para o seu objetivo”. Foto: Shutterstock