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Dra Jade Scazufka

Psiquiatria

Artigos

Depressão em adolescentes: sintomas e como ajudar no tratamento

Cada vez mais, casos de depressão em adolescentes têm se tornado comuns. Comparados ao período pré-pandemia, os sintomas de depressão cresceram 26% globalmente entre os jovens de até 19 anos, segundo um estudo publicado na Revista JAMA Pediatrics.  Esse dado alarmante pode preocupar pais e responsáveis, já que muitos sintomas da depressão na adolescência podem ser silenciosos, a depender da personalidade do jovem. Para você saber tudo sobre o assunto, inclusive se a doença tem cura e como ajudar, entrevistamos a psiquiatra Jade Scazufka. Acompanhe.  Isolamento social e desmotivação são alguns dos sintomas de depressão na adolescência   Os sintomas de depressão em adolescente são parecidos com os da fase adulta. Porém, os familiares e responsáveis devem estar atentos para não confundir esses comportamentos com alterações de humor comuns para a idade. A diferença entre depressão e tristeza é que a primeira permanece por longos períodos, além de ser acompanhada de outros sintomas.  A Dra. Jade cita que os principais sinais de alerta são:   Desinteresse em atividades que antes eram prazerosas,  Isolamento, com uma tendência a ficar recolhido no quarto;  Baixa autoestima;  Desânimo constante;   Recusa de convites ou eventos sociais,  Irritabilidade desproporcional aos estímulos e oscilações de humor que antes não eram presentes, incluindo sinais de angústia, agonia, desespero e impulsividade.  Como outras doenças psiquiátricas, a depressão em adolescentes também provoca sintomas físicos. Entre eles, a psiquiatra aponta: “Alterações no padrão de sono podem se manifestar com hipersonia (aumento das horas de sono), inversão do ciclo circadiano (trocar o dia pela noite) ou até mesmo insônia. Além disso, o apetite pode diminuir ou se refletir em episódios de compulsão alimentar e aumento de peso significativo.”  Ainda, a médica reforça que a atenção ao dia a dia do jovem também é importante. Isso porque, pode haver impacto no rendimento escolar, tanto pelo prejuízo cognitivo que habitualmente ocorre em um quadro depressivo (com esquecimentos, atenção e concentração reduzidas e fuga de pensamentos), quanto pela desmotivação com os estudos.   Falas que questionam a vida, pessimismo, falta de planos em relação ao futuro, presença de comportamentos autolesivos, pensamento de morte e ideação suicida indicam gravidade do quadro. Por isso, a atenção a esses comportamentos é de extrema importância, já que a depressão pode levar ao suicídio, a terceira principal causa de morte de adolescentes brasileiros entre 15 a 19 anos.  A depressão é uma doença multifatorial, e o histórico de casos na família pode elevar o risco de seu desenvolvimento em adolescentes  De fato, existem diferentes tipos de depressão na adolescência, com intensidade que varia de graus mais leves até aqueles mais graves. Em relação às causas, podemos dizer que essa condição é multifatorial. Ou seja, pode surgir devido a uma combinação de fatores genéticos, ao ambiente onde a pessoa vive e ao seu próprio organismo.  A Dra. Jade conta que, entre os principais fatores de risco, estão: “Antecedentes familiares de transtornos de humor, como depressão, ansiedade e bipolaridade, por conferirem vulnerabilidade genética para o aparecimento de depressão na infância e adolescência. Outros fatores importantes são ambiente familiar disfuncional, com brigas constantes, abuso de substâncias químicas e alcoolismo pelos familiares e/ou pelo próprio adolescente; ser vítima de violência, abuso sexual, pobreza, luto e outros traumas”.  O acompanhamento psicológico e psiquiátrico são as principais formas de tratamento  Uma das principais abordagens para tratar quadros depressivos leves é a terapia cognitivo comportamental, realizada com psicólogo. Já quadros moderados e graves, além da terapia, é fundamental o acompanhamento psiquiátrico, pois nesses casos, a medicação pode ser indicada, com segurança e eficiência, para diminuir os sintomas depressivos que causam sofrimento e prejuízos na vida do indivíduo. Assim, é possível restaurar a qualidade de vida e o bem-estar do adolescente.  Para quem convive com um adolescente com sintomas de depressão, se informar sobre a doença pode ajudar. Nesses casos, a Dra. Jade indica que o principal papel do responsável é explicar ao adolescente que a depressão é um processo de adoecimento do cérebro que, apesar de causar prejuízos significativos, tem tratamento. Portanto, seu dever é tranquilizar o jovem de que, com o tratamento específico, esse sofrimento alivia.  “Gosto de explicar para os familiares e pacientes que o nosso cérebro é um órgão, como qualquer outro do nosso corpo. Sendo assim, está sujeito ao adoecimento. O cérebro doente se manifesta com o prejuízo de suas funções, ou seja, fica calibrado para baixo: os pensamentos ficam pessimistas e negativos, os sentimentos de tristeza e apatia aparecem, o humor oscila, o sono e o apetite podem ser alterados em pacientes com depressão. Ainda, o cognitivo lentifica, prejudicando o aprendizado”, a especialista descreve.  Para ajudar em casos de depressão na adolescência, pais, amigos e familiares devem demonstrar acolhimento  Os pais e responsáveis podem ajudar adolescentes com depressão ao demonstrar empatia e acolhimento. Ou seja, não julgar o sofrimento, mesmo quando os pais consideram não haver motivos para tristeza, já que o adolescente, aos seus olhos, pode ter uma vida muito boa. Assim, o  importante é não tentar decifrar ou interpretar causas, mas deixar que isso seja feito pelo psicólogo. Por mais que os responsáveis queiram ajudar, é importante que esse acolhimento nunca substitua o apoio profissional.  A médica aconselha que, para se aproximar mais do jovem, o responsável pode dizer coisas como:  “Quer conversar comigo sobre como você está se sentindo?”;  “Eu entendo o seu sofrimento, estou aqui contigo e posso te ajudar”.   Além disso, é importante, sobretudo, respeitar o processo do adolescente. A cura para a depressão não é linear, e é importante que os pais entendam que momentos de baixa podem acontecer, mas que não indicam que o tratamento não está funcionando.   Por fim, a psiquiatra conclui que é importante “Manifestar amor nos momentos mais difíceis. Se mostrar presente, mas respeitando a individualidade e o espaço do filho. Muitas vezes é fundamental que os pais também estejam em acompanhamento terapêutico com um profissional da psicologia, seja para o manejo individual de uma possível condição de transtorno de humor ou pelo trabalho de orientação familiar”. 

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