
Dra Isabor Sant’Anna
gastroenterologia
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Queimação na garganta: o que pode ser e como aliviar
A queimação na garganta, sintoma comum de azia, é relativamente comum e muito associada à alimentação. Mas você sabia que, por exemplo, a ansiedade e o estresse também podem influenciar no aparecimento desse sintoma? Não à toa, 25,2 milhões de brasileiros sofrem com refluxo, que é uma das causas frequentes da queimação na garganta, de acordo com um levantamento do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBC). Para saber mais sobre o assunto, conversamos com a Dra. Isabor Sant’Anna, gastroenterologista. Ela nos explicou o que pode ser responsável por esse sintoma, entre outras informações importantes. O refluxo gástrico é a principal causa da queimação na garganta Estamos falando de um sintoma pouco específico e não característico de apenas uma doença. Por isso, a queimação na garganta pode estar relacionada a inúmeras causas, como doença do refluxo, hérnia de hiato, ansiedade e infecção das vias aéreas. Para identificar o que causa azia e queimação constante, a Dra. Isabor explica que é importante passar por uma avaliação com especialistas como gastroenterologista e otorrinolaringologista: “Assim, a partir de uma anamnese e exame físico, pode ser definida a real causa da queimação, e caso necessário, exames laboratoriais e de imagem poderão ser solicitados para obter o diagnóstico”. “A queimação na garganta, também conhecida como pirose, ocorre devido ao refluxo do conteúdo ácido do estômago, que sobe para a faringe e até mesmo para a traqueia”, afirma a médica. Além disso, ela acrescenta que o sintoma geralmente se apresenta após a ingestão de alimentos ricos em gordura, condimentos e/ou ácidos, ou após a ingestão de uma refeição mais pesada e volumosa. Assim, associados a esse problema, é possível surgirem outros sinais como tosse seca, azia, náuseas, vômitos, distensão abdominal e dor na boca do estômago. Durante a gravidez, mudanças hormonais podem causar azia e queimação constante Além do refluxo gastroesofágico, alterações no organismo que ocorrem em algumas fases da vida podem explicar azia e queimação constante. Por exemplo, as alterações no corpo durante uma gestação, devido a diversos fatores. Primeiro, porque os hormônios da gravidez relaxam os músculos do trato digestivo. Isso permite que o ácido gástrico volte para o esôfago, causando a sensação de queimação. Além disso, com o crescimento do bebê, os órgãos se deslocam de lugar, e são pressionados. Desta forma, aumentam as chances de refluxo, um dos grandes responsáveis pelo sintoma. Por fim, a gravidez, por aumentar o apetite da mulher, pode levar a escolhas alimentares menos saudáveis, o que também pode colaborar com episódios. Qual a diferença entre azia e queimação na garganta? Apesar de serem frequentemente associados, a azia costuma ser o que causa a sensação de queimação na garganta. Em termos gerais, eles costumam ser usados como sinônimos, até por representarem sensações semelhantes. Para diferenciá-los, a chave está na observação do incômodo. A queimação na garganta costuma causar uma sensação de ardência no peito e garganta. Por sua vez, a azia provoca uma queimação que começa no estômago e sobe para o esôfago. As causas da queimação no esôfago envolvem hábitos de vida pouco saudáveis e podem sinalizar doenças De acordo com a gastroenterologista com quem conversamos, “alguns fatores de risco para o desenvolvimento de queimação na garganta são: tabagismo, obesidade, ingestão de bebida alcoólica, consumo de condimentos, cafeína e alimentos gordurosos, além do uso de anti-inflamatórios sem prescrição médica”. Além disso, a queimação na garganta também pode acontecer pela presença da Covid-19. Isso porque o vírus causa uma inflamação nas vias aéreas, o que inclui a garganta, e pode levar à sensação de queimação. Além disso, as tosses intensas, em alguns casos, podem piorar casos de refluxo e, assim, o incômodo local. Como aliviar a queimação na garganta? Perguntada sobre como aliviar a queimação na garganta, a Dra. Isabor explica que primeiro é necessário focar nas causas do problema. Ao identificá-las, o médico pode receitar a melhor linha de tratamento. No entanto, a mudança de alguns hábitos de vida são importantes nesse processo. Entre eles, a gastro menciona: Cessar o tabagismo; Fazer atividade física regular; Se alimentar a cada três horas; Mastigar bem os alimentos; Evitar deitar imediatamente após as refeições; Restringir o uso de anti-inflamatórios sem prescrição médica; Fazer reeducação alimentar; Reduzir o consumo de cafeína; Se receitado, usar inibidores de bomba de prótons. Sobre o último tópico, os inibidores de bomba de prótons podem ser uma solução eficaz para pessoas com o sistema gástrico mais sensível. Isso porque, eles reduzem a produção de ácido no estômago e diminuem a irritação do esôfago e da garganta, causada pelo refluxo ácido. Tudo isso ajuda a aliviar o incômodo. Outra dica é priorizar o consumo de frutas não ácidas, como pera e banana, além de grãos integrais, vegetais cozidos, carnes magras e leguminosas. Não é normal que os sintomas de azia persistam após o tratamento No caso da queimação na garganta provocada pela ingestão de alimentos inadequados, o comum é que ela passe após algumas horas. Se ela passar a ser um recorrente e não estiver associada aos hábitos alimentares, é preciso consultar um especialista. “Nos casos em que o sintoma de queimação persistir, e houver outros sinais como dificuldade de engolir, perda de peso significativa e não intencional, necessidade de uso regular de antiácidos, é indicado atendimento com gastroenterologista imediatamente. Isso porque, esses são considerados sinais de alarme e demandam investigação com exames complementares”, orienta a gastroenterologista.