
Dra. Daniela Fonseca de Almeida Gomez
Geriatria
Biografia
Dra. Daniela Fonseca de Almeida Gomez é médica geriatra pela Santa Casa de São Paulo, titulada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), e fez MBA em Gestão de Saúde no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Vem se dedicando há mais de 10 anos a promover melhorias no atendimento a idosos institucionalizados, sempre com foco na qualidade. Atualmente é responsável técnica e coordenadora de saúde da Sociedade Beneficente Alemã Residencial (SBA).
Artigos
O que diferencia um quadro de osteopenia de um quadro de osteoporose?
Osteoporose significa “ossos porosos”, ou seja, a doença se caracteriza por um enfraquecimento do tecido ósseo, que perde progressivamente sua densidade, aumentando o risco de traumas e fraturas. Já o quadro de osteopenia é uma condição pré-clínica que pode levar à osteoporose. Nesse caso, a extensão da perda óssea é menor e o osso não se quebra tão facilmente. Quem tem osteopenia pode desenvolver osteoporose Os ossos estão em um constante processo de renovação: a matriz óssea se decompõe e se renova por meio de células chamadas osteoblastos e osteoclastos. Quando a densidade mineral óssea atinge níveis entre 10 e 25% menores que a considerada normal, se classifica o quadro como osteopenia e, nos casos em que as perdas são superiores, como osteoporose. A geriatra Daniela Gomez explica que, quando um paciente tem osteopenia, mudanças no estilo de vida podem frear o processo de perda óssea. “Recomendamos realizar atividades físicas, consumir alimentos ricos em cálcio e suplementar, caso necessário, vitamina D. Orientamos também a parar de fumar e a ingerir menos álcool e café”, cita a especialista. A médica afirma ainda que as duas condições também se diferenciam em relação ao tratamento medicamentoso: “As medicações usadas para tratar osteoporose só serão indicadas no quadro de osteopenia se o paciente tiver um risco muito elevado de fraturas nos 10 anos subsequentes. Para realizarmos esta estratificação, utilizamos durante a consulta uma ferramenta de avaliação de risco de fratura. Assim, podemos personalizar o tratamento”. Quadro de osteopenia pode ser sinal de outras doenças Doenças em outros órgãos, como tireoide, paratireoide, fígado e rins, também podem afetar os ossos e provocar a osteopenia de uma forma secundária, assim como o uso prolongado de alguns medicamentos, como anticonvulsivantes, corticoides, hormônios tireoidianos. Por isso, é fundamental procurar a ajuda de um especialista para avaliar a condição dos ossos a partir de um exame de densitometria óssea. Foto: Shutterstock
Como a doença de Alzheimer afeta a família do paciente?
Conhecida por causar a perda progressiva da memória, a doença de Alzheimer não afeta apenas o paciente, mas também causa dificuldades para toda sua família. Por causa do transtorno, toda a dinâmica familiar acaba se alterando e, muitas vezes, com as mudanças provocadas pela doença, o idoso não reconhece mais o parente, o que gera sofrimento e angústia. Doença de Alzheimer causa estresse nos familiares e cuidadores No início, muitos casos da doença de Alzheimer evoluem com depressão, quando o paciente se depara com dificuldades para exercer atividades que antes eram muito fáceis e comuns. “À medida que a doença avança, os familiares acabam sofrendo, sentem-se impotentes frente à doença, ficam estressados e deprimidos, o que acaba prejudicando o cuidado do paciente e estressando ainda mais o familiar”, diz a geriatra Daniela Fonseca de Almeida Gomez. Ao longo da evolução da doença de Alzheimer, os familiares e cuidadores precisam ter uma boa relação com o idoso, o que é fundamental para manter sua qualidade de vida. “O mais importante para a família é nunca esquecer que aquele paciente que hoje já não tem memória, tem um passado, tem gostos, deve ser respeitado e acolhido com amor e carinho”, destaca a profissional. Família deve evitar brigas com o idoso com doença de Alzheimer e buscar ajuda para tratamento Os familiares devem sempre estar por perto e tentar estimular o paciente com doença de Alzheimer a executar tarefas que gostava de fazer, tentando entender o idoso, mas não obrigando-o a fazer o que ele não quer. “Em vez de brigar e teimar com o idoso, devem fingir que acreditam no que ele está dizendo e tentar achar uma solução para o problema. Se ele quiser expulsar o cuidador, por exemplo, diga que já está tarde, que mora longe e que amanhã irá embora”, recomenda a especialista. Muitos casos da doença de Alzheimer são desgastantes para a família e, por isso, é fundamental buscar ajuda. Existem cursos para cuidadores e grupos de apoio que fazem um trabalho de conscientização e estimulam a troca de informações entre cuidadores e familiares, o que gera conforto e traz soluções para alguns problemas. Há casos em que a família precisa de acompanhamento psicológico, para evitar estresse e tratar depressão. Foto: Shutterstock
Como diferenciar os sinais de envelhecimento da doença de Alzheimer?
Algumas características da doença de Alzheimer apresentam semelhanças com as mudanças que acontecem com o corpo humano ao chegar na velhice e que não caracterizam nenhum problema de saúde, sendo apenas consequências do envelhecimento. No entanto, essas semelhanças podem causar confusão, especialmente no começo do Alzheimer, atrasando a procura por um médico e o diagnóstico da doença. Saiba mais sobre os sinais de Alzheimer! Mudanças causadas pela doença de Alzheimer prejudicam a rotina do idoso “No processo de envelhecimento, ocorrem lapsos de memória e uma pequena dificuldade em aprender coisas novas. Porém, estas alterações não atrapalham as atividades do dia a dia dos idosos“, afirma a geriatra Daniela Fonseca de Almeida Gomez. No envelhecimento normal, o idoso esquece nomes de artistas, ocasionalmente guarda coisas em lugares errados, apresenta alterações de humor devido a fatos concretos e eventualmente tem dificuldade para achar palavras. Já quem tem a doença de Alzheimer, esquece nomes de pessoas próximas, guarda coisas em lugares estranhos, tem súbitas alterações de humor sem motivos, não consegue lembrar palavras e faz substituições por outras sem sentido. “Os pacientes apresentam perda de memória recente frequentemente, tornam-se repetitivos e esquecem compromisso, o que atrapalha a execução de tarefas”, diz a especialista. Problemas com a memória são mais frequentes nos casos da doença de Alzheimer A melhor forma de diferenciar os sintomas da doença de Alzheimer do envelhecimento é prestar atenção na frequência dos esquecimentos e observar se eles atrapalham o dia a dia do idoso. Assim, é possível fazer o diagnóstico precocemente e iniciar o tratamento. “Muitas vezes, os familiares acham que a perda de memória é natural do envelhecimento e procuram o geriatra apenas quando ocorre algum fato mais marcante e grave, como episódios de agressividade ou quando o idoso se perde na rua”, destaca a profissional. O médico, por sua vez, faz a diferenciação durante a consulta, quando o paciente ou um membro da família mostra preocupação com o prejuízo da memória. Segundo Daniela, o médico faz testes cognitivos que mapeiam várias áreas, como memória recente, evocação, linguagem, execução e orientação, para identificar se a perda da memória é em virtude de alguma doença ou se trata apenas do envelhecimento natural do idoso. Foto: Shutterstock
A partir de qual idade o mal de Alzheimer pode ser diagnosticado?
O mal de Alzheimer é uma doença com duas características bastante conhecidas: é marcada pela perda progressiva da memória e a grande maioria dos pacientes afetados está na terceira idade. Como a doença não pode ser diagnosticada antes do surgimento dos sintomas, é importante ficar atento aos seus primeiros sinais de Alzheimer para receber o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado. Alzheimer pode ser descoberto a partir dos 60 anos de idade “Os sintomas surgem após os 60 anos, mas apesar disso, 4% a 5% das pessoas desenvolvem a doença de Alzheimer antes desta idade”, afirma a geriatra Daniela Fonseca de Almeida Gomez. Nestes casos, a causa do Alzheimer é hereditária e há pacientes que podem apresentar os sintomas ainda jovens, já a partir dos 30 anos de idade. Inicialmente, a chamada memória recente é a mais afetada e o paciente esquece informações recentemente adquiridas ou aprendidas. Além disso, torna-se repetitivo e demora mais tempo para solucionar problemas no trabalho. “Muitas vezes, fica distraído, esquece compromissos e caminhos, podendo chegar a se perder. Pode ocorrer também alterações na personalidade e notamos o paciente deprimido ou ansioso“, diz a médica. Diagnóstico do Alzheimer é feito com extensa avaliação clínica Assim que as primeiras mudanças são percebidas, é essencial procurar o auxílio de um geriatra. O diagnóstico, que é mais difícil nos casos iniciais, é feito com base na avaliação da memória, da linguagem, da capacidade de orientação do paciente e de outras funções mentais. O especialista pode ainda solicitar exames, como tomografias e exame de sangue, para excluir a possibilidade de outras doenças. Depois, é hora de iniciar o tratamento, que visa retardar a evolução do mal de Alzheimer. Uma das principais medidas é o uso de medicamentos. “Também podemos indicar reabilitação neuropsicológica, na qual a psicóloga utilizará estratégias para melhorar a capacidade cognitiva e mecanismos para manter a realização das atividades da vida diária”, explica Daniela. A profissional recomenda também programar a vida depois do diagnóstico para otimizar o tempo e, assim, equilibrar trabalho e lazer. Foto: Shutterstock
O que é osteoporose secundária?
A osteoporose é um problema de saúde que se caracteriza pela perda gradativa da massa que compõe os ossos. Esse processo já acontece naturalmente com a aproximação da velhice, mesmo em pessoas sadias, mas é muito mais intenso nos casos da doença, podendo levar a fraturas. A causa por trás da perda da massa óssea divide a osteoporose em dois tipos: primária e osteoporose secundária. Câncer e artrite reumatoide podem causar osteoporose “A osteoporose secundária é quando a diminuição da massa óssea ocorre em decorrência de outras doenças ou está relacionada ao uso de medicamentos. Cerca de 30% das mulheres e 50% dos homens têm osteoporose em função de algumas doenças, hábitos inadequados ou uso de medicamentos”, afirma a geriatra Daniela Fonseca de Almeida Gomez. Já o tipo primário não tem causa evidente para a redução do material ósseo. A médica destaca algumas condições que podem causar osteoporose: doenças renais crônicas, distúrbios da tireoide, artrite reumatoide, doenças hepáticas, alguns cânceres, doenças inflamatórias intestinais crônicas, hipogonadismo, síndrome de Cushing e alcoolismo. “Já com relação às medicações, alguns anticonvulsivantes, anticoagulantes e corticoides são considerados de risco para o aparecimento da osteoporose”, cita a profissional. Para evitar o desenvolvimento da osteoporose secundária, é preciso ter uma vida saudável, praticando exercícios físicos, evitando consumir bebidas alcoólicas e cigarros e mantendo uma alimentação rica em cálcio e vitamina D. Quando é uma medicação que está provocando a perda de massa óssea, o médico pode considerar trocá-la ou diminuir sua dose. É recomendado também monitorar o paciente por meio da densitometria óssea. Saiba como é feito o tratamento da osteoporose secundária Já o tratamento da osteoporose secundária costuma ser mais complexo do que o combate ao tipo primário da doença, já que depende do problema de origem. Segundo Daniela, além do tratamento feito rotineiramente para a osteoporose com medicações, melhorias na alimentação, suplementação e atividade física, também é necessário incluir o tratamento da doença que causou a osteoporose. Foto: Shutterstock
Demência senil: O que causa essa condição que afeta idosos?
A demência senil e outras condições típicas da terceira idade chamam cada vez mais atenção das autoridades de saúde devido ao envelhecimento acelerado da população brasileira. Em 2015, o número de idosos no Brasil atingiu um novo recorde: 14,3% do total da população do país, índice que se manteve abaixo dos 10% durante todo o século 20, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Perda de memória é o principal sintoma da demência senil “O termo demência senil se refere a uma deterioração da capacidade cognitiva que compromete a execução das atividades diárias dos idosos”, explica a geriatra Daniela Fonseca de Almeida Gomez. É uma síndrome que se instala com o tempo, alterando progressivamente o comportamento e a independência das pessoas desta faixa etária. Os sintomas são bem variados. O paciente pode apresentar desorientação, dificuldade para encontrar palavras, confusão mental, irritabilidade e agressividade. Falta de concentração e de atenção também são comuns, mas em boa parte dos casos, a maior característica é a perda de memória, que se manifesta em perguntas repetidas e dificuldade para guardar nomes e passar recados. Deficiência de nutrientes e Alzheimer causam demência senil De acordo com Daniela, existem causas reversíveis e irreversíveis para a demência senil. “Entre as reversíveis, destacam-se a deficiência de vitamina B12 e ácido fólico, tumores cerebrais, hidrocefalia de pressão normal e hipotireoidismo”, cita a profissional. Anemia, desidratação, traumas cranianos e uso incorreto de medicações também são causas que, com tratamento adequado, podem reverter a demência. Entretanto, há ainda as causas irreversíveis. As mais frequentes são a doença de Lewy, demência vascular, demência frontotemporal e a mais comum, a doença de Alzheimer. Segundo a especialista, não há cura nestes casos, mas se a demência for percebida rapidamente e o tratamento iniciado nas fases iniciais da síndrome, é possível retardar sua evolução e garantir mais qualidade de vida ao idoso. Foto: Shutterstock