
Dra. Camila Cucco
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Como se manifesta um episódio misto no transtorno bipolar?
O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada pela presença de episódios contrastantes, que são a mania/hipomania e depressão. De forma simplificada, a mania cursa com humor eufórico, autoestima e autoconfiança muito elevadas, enquanto a depressão consiste em humor deprimido, perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações no sono e apetite, cansaço, etc. “Quando um episódio de mania/hipomania ou depressão cursa com sintomas característicos do polo oposto, chamamos esse estado de episódio misto. Os episódios mistos são comuns”, informa o psiquiatra Leonardo Fabrício Gomes. “Não se sabe ainda ao certo o que faz com que esse fenômeno ocorra, mas acredita-se que sua causa esteja ligada a fatores genéticos, psicológicos e sociais”. Associação de sintomas no transtorno bipolar – características mistas Segundo o especialista, esses episódios mistos de transtorno bipolar são definidos pela presença de sintomas que satisfazem os critérios para mania/hipomania, associados a, pelo menos, três ou mais dos seguintes sintomas depressivos: humor depressivo, redução do interesse/prazer, lentificação dos movimentos, pensamentos de inutilidade e culpa, falta de energia no corpo e pensamentos de morte. “Já o episódio depressivo com características mistas apresenta os sintomas necessários para diagnosticar a depressão, além de, pelo menos, três dos seguintes sintomas maníacos: humor expansivo, autoestima inflada, pensamento acelerado, aumento de energia, aumento da fala, maior envolvimento em atividades de risco, como compras excessivas ou investimentos insensatos, e redução da necessidade de sono”, explica Gomes. Episódios mistos de transtorno bipolar têm risco de suicídio aumentado Os episódios com características mistas têm duração que pode variar entre semanas a meses. “Esses episódios merecem grande cuidado pois os pacientes nesse estado têm maior risco de suicídio do que os pacientes bipolares sem características mistas”, alerta. Como este episódio específico pode ser controlado? Para tratar esse tipo de transtorno bipolar com sucesso, são necessárias algumas mudanças nos hábitos de vida, como evitar privações excessivas de sono, evitar drogas e álcool e manter atividades físicas regulares. “A psicoterapia também pode ser muito útil, combinada com o tratamento medicamentoso. Este, geralmente, inclui estabilizadores de humor, mas também podem ser usados medicamentos antipisicóticos e antidepressivos, dependendo do tipo e status clínico atual do paciente”, explica a psiquiatra Camila Cucco. Quando pensar em depressão? Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades: – Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas; – Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente; – Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas; – Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar); – Alteração do sono: excesso de sono ou insônia; – Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas; – Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado; – Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória; – Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio. Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica! Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente. Dr. Leonardo Fabrício Gomes é formado em medicina pela faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e possui residência médica em psiquiatria pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). CRM-MS: 7548. Dra. Camila Cucco é médica psiquiatra formada pela Univali e possui especialização em psiquiatria pela Fundação Mário Martins. CRM: 12979 Foto: Shutterstock
É possível perceber a aproximação de um retorno da depressão?
A aproximação de um retorno do quadro de depressão pode ser percebida da mesma maneira que ocorre quando se nota a presença do primeiro quadro depressivo: por meio dos sintomas. Prostração, tristeza, perda de apetite, insônia, apatia, falta de prazer em realizar atividades que normalmente seriam estimulantes, são alguns exemplos. Quando estes voltam a se fazer presentes, pode ser sinal de que um novo episódio depressivo está a caminho. Indícios de um retorno do quadro de depressão “Se o paciente já teve um episódio depressivo, fez tratamento, apresentou remissão dos sintomas e voltou a apresentá-los depois de um certo tempo, isso pode ser indicativo de recidiva de depressão. Os sintomas são: tristeza, sentimento de vazio, falta de esperança, choro fácil, anedonia (perda da capacidade de sentir prazer), perda ou ganho de peso, insônia ou excesso de sono, agitação ou lentificação psicomotora, cansaço excessivo, sentimento de culpa, pensamentos de ruína e morte, falta de concentração, dentre outros”, informa a psiquiatra Camila Cucco. Segundo a especialista, a reincidência de um episódio depressivo pode ocorrer em eventos estressores, como perda do emprego, separação, morte de um ente querido, pressão no trabalho, entre outros. “Então, se o indivíduo passou por alguns desses estressores e começou a manifestar sintomas depressivos, é importante ficar atento, pois pode ser um novo episódio iniciando”, completa a psiquiatra. Como evitar o retorno da depressão? Para tentar evitar um retorno da depressão, é necessário, primeiro, realizar o tratamento do primeiro episódio depressivo até o fim, ou seja, só interrompê-lo quando receber alta do médico. Isso diminuirá as chances de um novo episódio acontecer. Caso manifestações depressivas apareçam mesmo assim, deve-se retomar o contato imediatamente com o especialista, para que ele possa determinar como proceder a partir daí. “Fazer o tratamento durante o período indicado pelo psiquiatra, praticar atividade física, buscar ambientes leves no trabalho, dormir bem, cuidar da alimentação e cuidar da saúde física e mental de modo geral, são alguns cuidados indicados e necessários para ajudar a evitar recaída da depressão”, conclui Camila. Quando pensar em depressão? Tristeza não é sinônimo de depressão. O episódio depressivo se caracteriza pela presença, por pelo menos 2 semanas consecutivas, de 5 das 9 manifestações a seguir, ocorrendo na maior parte do dia, quase todos os dias; obrigatoriamente uma das manifestações deve ser humor deprimido ou perda do prazer em atividades: – Humor deprimido: sentir-se triste, sem esperança; isso pode ser percebido por outras pessoas; – Diminuição ou perda do prazer em atividades: menor interesse em passatempos ou em atividades que anteriormente o indivíduo considerava prazerosas; o individuo muitas vezes fica mais retraído socialmente; – Inquietação ou estar mais lento que seu habitual, e isso é percebido por outras pessoas; – Alteração de apetite e/ou de peso: pode ser para mais ou para menos, ou seja, pode ocorrer (de forma não intencional) aumento de apetite, aumento de peso, redução de peso, redução de apetite (exemplo: o indivíduo precisa se esforçar para se alimentar); – Alteração do sono: excesso de sono ou insônia; – Fadiga ou falta de energia: cansaço mesmo sem esforço físico pode ser relatado pelo indivíduo, bem como dificuldade em realizar tarefas; – Sentimentos de inutilidade ou de culpa excessiva ou inapropriada: o indivíduo pode, por exemplo, ficar ruminando pequenos fracassos do passado; – Dificuldade de se concentrar ou de pensar: os indivíduos podem se queixar de dificuldades de memória; – Pensamentos de morte ou planejamento para cometer suicídio. Tais alterações representam mudança em relação ao funcionamento anterior do indivíduo, e causam sofrimento e/ou prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Lembre-se: depressão não é só no setembro amarelo! Se você sentir que está diferente do seu habitual ou notar diferença em alguém com quem convive, procure ou oriente a procura de ajuda médica e psicológica! Este material tem caráter meramente informativo e não tem a intenção de substituir avaliação ou conduta médica. Siga sempre as orientações de seu médico assistente. Dra. Camila Cucco é médica psiquiatra formada pela Univali e possui especialização em psiquiatria pela Fundação Mário Martins. CRM: 12979 Foto: Shutterstock
Síndrome de burnout: saiba evitar esse problema relacionado ao estresse no trabalho
A síndrome de burnout é um quadro relacionado especificamente ao universo do trabalho. Consiste em um desgaste causado pelo estresse prolongado nesse ambiente, o que prejudica os aspectos físicos e emocionais do indivíduo, gerando um esgotamento. No Brasil, cerca de 30% dos profissionais sofrem com esse problema em algum momento de suas vidas. “O burnout está relacionado com o excessivo esforço físico, mental ou emocional, seguidos de poucos momentos de descanso ou descontração. Tudo que ocupa muito o seu tempo e acaba sugando toda a sua energia pode ser motivo para que o burnout apareça”, afirma a psiquiatra Camila Cucco. Sintomas da síndrome de burnout A sensação de esgotamento físico e emocional, que é o sintoma típico da síndrome de burnout, muitas vezes acaba resultando em atitudes negativas, como ausências no trabalho e agressividade. “Isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima são outras consequências do burnout”, relata a profissional. Além desses efeitos comportamentais, o burnout se reflete na parte física do paciente, provocando diversos incômodos. “Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma e até distúrbios gastrintestinais são exemplos de manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome”, acrescenta. Formas de evitar e controlar o burnout Para evitar e controlar a síndrome de burnout, é essencial que o paciente reformule a sua própria relação com o trabalho (com mais leveza no dia a dia) e busque atividades prazerosas nos momentos de lazer, tudo isso para tentar deixar o estresse de lado. “Praticar atividade física, ter momentos de descontração e prazer, mudança no estilo de vida, se alimentar e dormir bem, mudar a dinâmica do trabalho, tudo isso ajuda nesse contexto”, recomenda Camila. Dra. Camila Cucco é médica psiquiatra formada pela Univali e possui especialização em psiquiatria pela Fundação Mário Martins. CRM: 12979 Foto: Shutterstock