
Dr. Rodrigo Pozzi
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É possível ter coriza sem apresentar nenhuma doença nas vias aéreas superiores?
Você sabe o que é coriza? A coriza nada mais é do que uma secreção que se forma nas vias nasais quando elas inflamam. O líquido costuma escorrer pelo nariz e está associado a outros sintomas, como espirros e obstrução nasal. A coriza normalmente aparece quando há algum quadro infeccioso ou alérgico estabelecido, então é pouco provável que esse sintoma se apresente sem essas causas. Coriza é um sinal do organismo de que algo está “errado” “Teoricamente não é possível ter coriza sem que haja alguma doença nas vias aéreas superiores, pois esta secreção é sinal de que alguma coisa está ‘errada’ no nariz. A coriza geralmente é um produto da mucosa inflamada, que é hiper reativa”, explica o otorrinolaringologista Rodrigo Pozzi. Ainda segundo o especialista, o tecido que reveste a mucosa nasal libera mais muco, ou “líquido”, por suas células. Contudo, é possível que causas específicas resultem na liberação de secreções nasais semelhantes à coriza, levando a crer que ela ocorreria sem infecção ou alergia. “Existe isoladamente uma doença chamada fístula liquórica espontânea, na qual o cérebro abre uma comunicação com o nariz e por ele ‘vaza’ líquor, um líquido que pode facilmente ser confundido com a coriza”, afirma Pozzi. Tratando envolve medicamentos e higiene nasal A coriza pode ser tratada com medicamentos que diminuem a dilatação dos vasos sanguíneos da mucosa nasal. Os vasoconstritores são importantes nesse sentido, já que facilitam bastante a respiração e permitem que o paciente se sinta mais disposto no dia a dia. Beber bastante líquido e limpar as narinas com soro fisiológico são outras medidas importantes para o tratamento. Segundo o especialista, deve-se consultar um médico (otorrinolaringologista, de preferência) para estabelecer o diagnóstico e planejar um tratamento efetivo. “A coriza é um sinal que algo não vai bem, então, em certos casos, ela pode ser o primeiro indício de um grave problema. Não subestime a ‘simples coriza’. Consulte sempre um médico”, conclui Pozzi. Foto: Shutterstock
Por que a primavera é muito difícil para quem sofre com rinite?
O típico aumento do número de flores na primavera implica em uma maior quantidade de pólen no ar, o que por sua vez representa um risco para quem tem alergia. Isso porque o pólen, assim como poeira, ácaros e pêlos de animais, é um tipo de alérgeno comum que pode desencadear rinite alérgica. Fatores de risco e cuidados com a rinite alérgica na primavera “Apesar da primavera ser linda devido ao floreio, é uma época em que há muita liberação de pólen no ar. Mesmo que muitas vezes invisível, ele pode ser um vilão para quem é alérgico. É uma época em que também as gramíneas (fragmentos de plantas) encontram-se presentes em maior concentração no ar. Então, quem tem alergia a esses fatores específicos tende a piorar suas rinites neste período”, afirma o otorrinolaringologista Rodrigo Pozzi. Em geral, é recomendado a quem tem rinite manter os ambientes arejados, abertos, para evitar o acúmulo de alérgenos, como poeira e ácaros. Porém, no caso dos que são alérgicos especificamente ao pólen, a indicação é oposta. Deve-se fechar as janelas e portas e usar mais o ar-condicionado, pois ele filtra o pólen. Durante a primavera deve-se ter ainda mais atenção a isso. Tratamento da rinite alérgica Na opinião do profissional, o melhor a se fazer nesta época do ano para evitar uma crise de rinite alérgica é consultar um médico (mais especificamente um otorrinolaringologista ou um alergista) para que ele identifique o tipo de rinite em questão e depois institua tratamento adequado, evitando os desencadeantes de crises alérgicas. Esse tipo de alergia remete ao conceito rinite sazonal, que é uma qualificação da rinite ligada às estações (mudanças de temperatura). “Como existem vários tipos de rinites, fica mais adequado após avaliação com seu médico, chegar a um diagnóstico diferencial para propor tratamento e orientações adequadas para cada subtipo”. Foto: Shutterstock
Rinossinusite: Por que essa condição pode causar dor de cabeça?
A rinossinusite consiste na inflamação dos seios da face e das fossas nasais, o que pode resultar em diversos sintomas, como dificuldade de respirar, febre, dor de garganta e de ouvido, tosse, pressão e dor na face, além de dor de cabeça. A doença é classificada entre aguda e crônica, dependendo do tempo de permanência dos sintomas (mais de 12 semanas é considerada crônica; menos, aguda). “Fisiopatologicamente falando, a rinossinusite pode ser definida como a inflamação e a infecção da mucosa dos seios paranasais e do nariz. Este processo de inflamação e infecção, e até mesmo a pressão de secreções no seu interior, causam a dor de cabeça”, explica o otorrinolaringologista Rodrigo Pozzi. Dor de cabeça e demais sintomas da rinossinusite devem ser tratados sempre para evitar complicações Segundo o especialista, a dor de cabeça causada pela rinossinusite deve ser analisada de maneira individualizada, buscando-se identificar o tipo de dor. A partir daí, o médico pode tratar o problema diagnosticado devidamente. “O controle também depende do diagnóstico, pois ficar tomando analgésicos por conta própria não é recomendado”, afirma, destacando a importância da consulta médica para o sucesso do tratamento. Além dos sintomas de rinossinusite já citados, o médico destaca ainda cansaço, rinorreia (corrimento excessivo de muco nasal), catarro no nariz e mal estar. “Quando os sintomas da doença não são tratados, especialmente no caso da rinossinusite crônica, eles podem se agravar e evoluir para abscessos (oculares, cerebrais), meningites, alterações no olfato, cegueira e até morte”, alerta. É possível se prevenir contra a rinossinusite? Como a maioria das rinossinusites ocorre em consequência de resfriados, as medidas preventivas contra essa doença podem ser usadas para evitar essa inflamação dos seios da face e do nariz. Alguns cuidados básicos, como manter uma hidratação adequada, evitar trocas bruscas de temperatura e lavar sempre bem as mãos, podem ser importantes nesse contexto. Foto: Shutterstock
Qual é a diferença entre um remédio anestésico e um analgésico?
Por mais que sejam medicamentos com efeitos semelhantes, anestésicos e analgésicos possuem diferenças quanto a sua atuação no organismo. Enquanto os primeiros bloqueiam a sensibilidade, os outros trabalham especificamente para amenizar a dor. Portanto, quando aplicados em um contexto de tratamento de dor de garganta, por exemplo, os analgésicos costumam ser mais recomendados. “Medicamento anestésico é propriamente uma substância usada para reduzir ou eliminar a sensibilidade geral ou local. Já o analgésico é um medicamento e/ou grupo diversificado de drogas usadas para aliviar a dor, que nem sempre é específico para só um órgão ou região corporal”, diferencia o otorrinolaringologista Rodrigo Pozzi. Analgésico e anestésico para dor de garganta Segundo o profissional, nos tratamentos relacionados com a otorrinolaringologia os medicamentos analgésicos são mais receitados ambulatorialmente por alguns motivos. “Esses remédios são anti-inflamatórios não-esteroidais e esteroidais e atuam no sistema nervoso bloqueando sensações de inervações periféricas e de troncos nervosos. Dessa forma, bloqueiam a ‘consciência’ da dor, no córtex cerebral”. Ainda assim, existem marcas de anestésicos tópicos para dores de garganta, boca, língua e gengivas, estes em soluções ou em pastilhas. Como estes têm ação local e não muito potente e/ou duradoura, acabam sendo menos usados. “Mas é claro que o uso destes medicamentos em associação com outras terapias e em casos isolados pode ser bom”, acrescenta Rodrigo. Importância do diagnóstico correto para o controle da dor de garganta Vale ressaltar que esses remédios são sintomáticos, ou seja, atuam apenas para combater a dor de garganta, não o quadro que desencadeou esse incômodo. Como a dor de garganta pode ser desencadeada por diversos motivos, é importante sempre buscar um diagnóstico preciso para saber exatamente o que tomar. “A automedicação sem diagnóstico pode mascarar problemas maiores e de difícil manejo. Em caso de dor, procure preferencialmente um médico para lhe dar assistência”, alerta o médico. Foto: Shutterstock