
Dr. Marcus Gaz
Cardiologia
Biografia
Dr. Marcus Gaz é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 2008, cursou residência médica em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da USP e em Cardiologia no Instituto do Coração (InCor). Foi preceptor da graduação e da residência de Cardiologia em 2014 e 2015 e, após esse período, especializou-se em doenças das artérias coronarianas e aterosclerose em 2016. Atualmente, é médico colaborador do Departamento de Aterosclerose do InCor e atua desde 2013 como cardiologista do corpo clínico, do pronto atendimento e do Serviço de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, onde ministra cursos e aulas sobre Clínica Médica e Cardiologia para médicos de todo o Brasil. É professor convidado do Centro de Simulação Realística e da pós-graduação do Hospital Israelita Albert Einstein.
Artigos
O que são coágulos sanguíneos? Por que eles são perigosos?
Os coágulos sanguíneos são estruturas que se formam naturalmente no corpo como uma forma de bloquear feridas. Eles fazem parte do sistema de cicatrização do organismo, para impedir a perda de sangue quando surgem traumas e ferimentos com sangramento. No entanto, a formação dos coágulos nem sempre é positiva. Há casos que são perigosos e que representam uma ameaça à saúde. Coágulos sanguíneos podem causar infarto e embolia pulmonar “Muitas vezes, os coágulos podem se formar de forma excessiva e descontrolada e em lugares inapropriados, como dentro de uma artéria ou de uma veia. Quando isso acontece, os coágulos podem interromper um fluxo fundamental do sangue e causar sofrimento a órgãos e tecidos”, alerta o cardiologista Marcus Gaz. Segundo a também cardiologista Ana Catarina de Medeiros Periotto, uma série de fatores podem facilitar a formação de coágulos dentro dos vasos, como placas de gordura nas artérias, doenças genéticas, varizes e câncer. “Quando o coágulo se forma dentro de uma artéria, por exemplo, no cérebro, temos o risco de infarto ou derrame (AVC isquêmico). Quando se forma dentro de uma veia temos o risco de trombose venosa, que pode ter como complicação a embolia pulmonar“, diz a médica. Como funciona o tratamento dos coágulos? Os coágulos sanguíneos são formados pela chamada cascata de coagulação que ativa uma série de proteínas que estão no sangue. Segundo Ana Catarina, os coágulos são constituídos de plaquetas, um dos componentes do sangue, e fibrina, uma proteína. Quando é necessário tratá-los, os especialistas utilizam medicações orais ou injetáveis que bloqueiam a cascata, como os anticoagulantes. Já a prevenção dos coágulos é feita seguindo as principais medidas de prevenção das doenças responsáveis por seu surgimento. É importante adotar hábitos saudáveis capazes de ajudar na prevenção do câncer e da presença de placas de gordura nas artérias, como fazer atividade física, manter o peso ideal, não fumar e ter uma alimentação saudável, composta de mais fibras, verduras, legumes e frutas e menos carne vermelha e gordura. Medicamentos que impedem a agregação das plaquetas (ex: acido acetilsalicílico, clopidogrel), também são utilizados em muitos casos. Foto: Shutterstock
Pacientes com a hipertensão controlada correm algum risco com a prática intensa de atividades físicas?
Quem é diagnosticado com hipertensão e controla a doença de maneira adequada, tem boas chances de ficar bem mesmo com a prática intensa de atividades físicas, desde que seja feita com acompanhamento médico. No entanto, quando a atividade é iniciada já em um nível de intensidade alto, corre-se riscos. Vale destacar que a prática de exercícios, de forma geral, é benéfica para o tratamento destes pacientes. Perigos na prática de exercícios intensos para pessoas com hipertensão “Alguns pacientes começam uma rotina muito intensa de esportes, sem a supervisão necessária. Nesses casos, por se tratarem de pacientes com risco cardiovascular mais elevado pela presença de hipertensão e de outras comorbidades, correm riscos durante a prática esportiva”, afirma o cardiologista Marcus Gaz. Existe risco para os pacientes que iniciam atividades intensas, seja exercício aeróbico (ex: corridas e ciclismo) ou musculação; que não passam por avaliação cardiológica; e que não têm a supervisão necessária para a prática de esporte intenso ou competitivo. “Esses pacientes hipertensos estão em maior risco de eventos cardiovasculares durante o esporte e devem ter cuidado e supervisão”, recomenda Gaz. Contudo, quando o paciente passa por avaliação cardiológica de rotina, está bem controlado e adequadamente medicado, os riscos são semelhantes ao da população não hipertensa, ou seja, muito baixos. Inclusive, a rotina de atividades físicas ajuda não só no melhor controle da doença hipertensão, como também reduz a incidência de eventos cardiovasculares como AVC e Infarto nessa população. Começar com atividades físicas leves é o ideal “O ideal é começar por exercícios de leve a moderada intensidade, aumentando progressivamente a carga de treinamentos, de forma contínua, monitorada e supervisionada. Orientações dietéticas adequadas por nutricionistas, evitar a automedicação quando sentir dores, evitar o consumo de álcool e tabaco, são outras medidas que também reduzem os riscos do esporte intenso para os portadores de hipertensão arterial”, completa o cardiologista. Foto: Shutterstock
O que é pré-hipertensão? Quais são as suas características?
A hipertensão é definida quando a pressão arterial de um indivíduo supera o limite de 140 por 90 mmHG. Neste caso, recomenda-se ao paciente iniciar o tratamento, tanto com medicamento quanto com adoção de hábitos saudáveis de vida. Contudo, aqueles que têm pressão arterial abaixo desse valor, mas ainda assim acima do ideal, também correm riscos e por isso necessitam de cuidados. Esse estágio é conhecido como pré-hipertensão. Importância do diagnóstico de pré-hipertensão “Entende-se hoje que pacientes com níveis alterados de pressão arterial, mas que ainda não são diagnosticados com hipertensão, devem ser classificados como ‘em risco’ ou pré-hipertensos”, informa o cardiologista Marcus Gaz. Segundo o especialista, isso se deve ao fato de cada vez mais os estudos apontarem relação entre diferentes níveis pressóricos e problemas de saúde cardiovascular. “Recentemente, as sociedades brasileiras e internacionais que estudam pacientes com hipertensão têm emitido entendimentos e diretrizes reduzindo ainda mais os níveis toleráveis de pressão arterial”, completa. Tratamento para pré-hipertensão Os pacientes pré-hipertensos, assim como os hipertensos, devem adotar um estilo de vida mais saudável, pois sua condição também os coloca com risco aumentado de manifestarem episódios cardiovasculares críticos, como infarto e AVC. “Quanto maior a pressão arterial, maior a chance do paciente adoecer com problemas cardiovasculares”. Seguir uma dieta balanceada, pobre em sódio, gorduras e carboidratos, praticar atividades físicas regularmente e cessar o tabagismo são medidas fundamentais para evitar elevação da pressão e os riscos que isso implicaria. “Os pré-hipertensos se beneficiam muito de estratégias como perda de peso, adoção de dieta DASH (dieta especial para prevenir hipertensão) e prática de atividade física regular”, conclui Gaz. Foto: Shutterstock
Controlar o estresse é importante para se prevenir de um segundo infarto?
O controle do estresse é fundamental para prevenir problemas cardiovasculares em geral, pois está relacionado com o aumento dos níveis de pressão e glicemia, além de sono irregular e ganho de peso. Tudo isso pode prejudicar o coração e aumentar o risco do desenvolvimento de um novo infarto. “Sem dúvidas o controle do estresse é essencial para prevenir episódios de infarto, visto que algumas pesquisas relacionam ocupações altamente estressantes, como operadores de mercado financeiro, por exemplo, a um maior risco de ocorrência de infartos ao longo da vida”, afirma o cardiologista Marcus Gaz. Modos de evitar o estresse no dia a dia No entanto, controlar adequadamente o estresse, especialmente com os anseios e exigências da vida moderna, pode não ser fácil. “É necessário que o paciente tenha acompanhamento médico e psicológico e adote mudanças em seu estilo, buscando hábitos mais saudáveis. Não existe fórmula pronta, a melhor saída é sempre individualizada caso a caso no consultório médico”, explica Gaz. Para controlar o estresse, o indivíduo que deseja evitar um infarto, seja o primeiro ou segundo episódio, deve adotar mudanças comportamentais, como evitar situações de conflito ou confronto, por exemplo. Diminuir o ritmo de atividades de vida e de trabalho, psicoterapia, uso de medicações específicas e realização de atividades físicas frequentes são outras recomendações importantes. Estresse pode gerar infarto mesmo com tratamento bem feito A influência do estresse é tão grande, que mesmo se o tratamento for seguido com perfeição eventos estressantes podem por si só provocar um infarto. “O estresse certamente pode influenciar de forma isolada, mesmo quando se faz adequadamente todo o resto. Mas o risco diminui bastante quando o tratamento é bem feito e seguido constantemente. O infarto é um problema crônico, então o tratamento é para a vida inteira”, conclui o cardiologista. Foto: Shutterstock
Como relaxar e evitar que o estresse atrapalhe o tratamento da hipertensão?
O estresse é um fator que influencia a pressão arterial, tanto em sua forma aguda, causado por um desentendimento em família ou com amigos, por exemplo, como também em sua forma crônica. Níveis altos e constantes de estresse podem atrapalhar o tratamento da hipertensão e aumentar os riscos do paciente com pressão alta sofrer um infarto ou AVC. Fazer meditação e caminhada ajuda a relaxar e controlar o estresse Para atingir as metas de controle da pressão arterial, cada vez mais rígidas, é preciso ter uma atenção especial ao estresse. E a melhor forma de fazer isso é apostar em hobbies que ajudam a relaxar. “Atividades como meditação, yoga e acupuntura podem ser maneiras efetivas de reduzir os efeitos do estresse na saúde”, afirma o cardiologista Marcus Gaz. Além disso, exercícios físicos mais intensos, como caminhada e natação, também são importantes e eficazes para reduzir os níveis de estresse. “Atividades físicas rotineiras com 180 minutos por semana, no mínimo, costumam ajudar muito”, diz o médico, que também recomenda aulas de dança como forma de combater o estresse. Dormir bem é importante para diminuir os níveis de estresse Ter um sono de boa qualidade e respeitar a quantidade de horas de sono necessárias para seu corpo descansar e repor as energias também são medidas fundamentais para aliviar o estresse. Se conseguir, tire um cochilo de 15 a 20 minutos depois do almoço, antes de retomar as atividades do dia. Outras atitudes que funcionam são ouvir músicas calmas e procurar uma leitura agradável. Alternativas mais drásticas, como mudar de emprego ou de atividade de trabalho, podem ser uma solução, mas muitas vezes não funcionam efetivamente de forma isolada, já que o estresse na nova ocupação pode voltar a ser um problema. “Em casos extremos e resistentes ao tratamento otimizado, o suporte psiquiátrico e psicoterapêutico, com uso de medicações específicas, inclusive, pode ser a única saída”, destaca o especialista. Foto: Shutterstock
Quem tem pressão alta pode correr na esteira da academia?
Os pacientes com hipertensão sabem que fazer o tratamento da doença é essencial para controlar e reduzir a pressão alta. Parte das medidas indicadas pelos médicos consiste no uso de medicamentos anti-hipertensivos. Outra parte envolve a adoção de hábitos saudáveis, como comer bem e praticar atividades físicas, como correr na esteira da academia. Correr regularmente pode ajudar a controlar a hipertensão “Os hipertensos podem fazer atividade física, como esteira na academia ou corrida. O paciente hipertenso, só de fazer exercícios com regularidade, costuma ter uma queda da pressão arterial em torno de 5% a 10%”, afirma o cardiologista Marcus Gaz. Os exercícios são importantes, por exemplo, para evitar as complicações da doença, como infarto e AVC. As caminhadas e corridas realizadas na esteira da academia são chamadas de atividades aeróbicas. Este grupo de exercícios é justamente o mais indicado para quem tem pressão alta. “As atividades que trazem os maiores benefícios para os pacientes hipertensos são as aeróbicas, como bicicleta, remo, dança, corrida e ginástica. É melhor o hipertenso fazer uma atividade aeróbica do que anaeróbica, como a musculação”, diz o médico. Pacientes com hipertensão deve conversar com médico antes de iniciar atividade física No entanto, antes de começar a fazer qualquer corrida, é preciso consultar um cardiologista para descobrir os cuidados necessários ao praticar exercícios. “A avaliação cardiológica vai medir qual o nível de esforço que os pacientes podem fazer com segurança. Somente a avaliação de um cardiologista no consultório pode dizer se é seguro ou não a pessoa praticar esportes, em geral”, aconselha. Os benefícios dos exercícios físicos podem ser sentidos em pouco tempo. No curto prazo, promovem um maior controle da hipertensão. Já no longo prazo, o paciente ganha mais capacidade cardiovascular e os vasos sanguíneos conseguem funcionar de maneira mais eficiente. Além disso, a atividade física também auxilia no controle da quantidade de água e sal no corpo. Foto: Shutterstock