
Dr. João Luiz Scaff
Ginecologia e Obstetrícia
Biografia
Dr. João Luiz Scaff é especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), desde 1987, e obteve o título de especialista pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), em 2007. Atuou como chefe do setor de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital e Maternidade São Luiz, em São Caetano do Sul (SP), de 1997 a 2017.
Artigos
O sangramento menstrual pode ser maior em pacientes com endometriose?
A endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pelo crescimento de um tecido presente no interior do útero, chamado de endométrio, fora da cavidade uterina, como a bexiga, o intestino e os ovários. Dependendo da gravidade do quadro, a endometriose pode provocar dores muito intensas e aumentar a quantidade de sangramento menstrual. Aumento do fluxo menstrual e cólicas fortes são sintomas de endometriose “O fluxo menstrual pode ou não estar aumentado. Um processo inflamatório local na cavidade uterina leva a alterações das enzimas responsáveis pelo controle do sangramento que, por sua vez, desencadeiam um aumento do fluxo”, explica o ginecologista e obstetra João Luiz Scaff. A endometriose pode ainda tornar o sangramento menstrual irregular. No entanto, há outros problemas de saúde que podem aumentar o fluxo, como miomas, pólipos uterinos e má-formação do útero. Na dúvida, a paciente pode ficar de olho em outros sinais e sintomas, como cita o profissional: “Outros sintomas comuns estão associados, como desconforto para urinar, constipação, cólicas intestinais, sangramento anal, náuseas, vômitos e dor na relação sexual“, afirma Scaff. É possível controlar os sintomas da endometriose? De acordo com o especialista, o uso de um anticoncepcional, seja progesterona, combinado (estrógeno e progesterona), anel vaginal ou DIU hormonal, poderá controlar a dor, diminuir o sangramento uterino e dar uma melhor qualidade de vida à paciente com endometriose. A escolha do anticoncepcional é feita de forma individual, buscando o método que proporcione a melhor adaptação para a paciente. O diagnóstico nos estágios iniciais permite controlar a doença com mais facilidade. No entanto, é importante continuar monitorando o quadro, caso os sintomas voltem a piorar. Nestes casos, o médico pode indicar a cirurgia de videolaparoscopia para retirar os focos da doença. Vale lembrar que, se não tratado a tempo, o problema pode provocar infertilidade. Foto: Shutterstock
Endometriose: cólicas muito fortes podem causar desmaios nas pacientes?
O crescimento do endométrio (tecido que compõe a parede interna do útero) fora da cavidade uterina, caracteriza uma doença chamada endometriose. Durante o ciclo menstrual, quando a fecundação não acontece, parte do endométrio é eliminada na forma de menstruação. No entanto, nos casos da doença, as células do tecido endometrial fora da cavidade uterina também sangram, podendo provocar cólicas muito fortes e, consequentemente, até desmaios. Mulheres com endometriose podem ter dores muito fortes “Algumas mulheres podem se sentir realmente muito mal e acabar desmaiando. Em determinados momentos, pode ser necessária uma internação hospitalar para aliviar essa dor com analgésicos potentes“, afirma o ginecologista e obstetra João Luiz Scaff. A mulher pode sentir dor ao urinar, evacuar, durante o ciclo menstrual e até nas relações sexuais. A principal característica da dor da endometriose é sua cronicidade, com piora progressiva. “Porém, a dor é um sintoma subjetivo e cada mulher tem o seu limite. Na minha experiência, esse tratamento da dor, na maioria das vezes, apenas alivia a intensidade do sintoma, mas não o elimina totalmente”, destaca o profissional. Como é feito o tratamento da endometriose? Antes de iniciar o tratamento, o médico solicitará exames para fazer o diagnóstico. Quando a doença for confirmada, é importante começar o tratamento rapidamente, seja clinicamente ou com cirurgia. “Podemos controlar a endometriose leve com anti-inflamatórios e hormônios, como anticoncepcionais e progesteronas”, conta Scaff. Durante o acompanhamento, o ginecologista deverá decidir se a cirurgia será recomendada. “Estudos já comprovaram que adolescentes com melhora dos sintomas e sem um diagnóstico preciso de imagem poderão, no futuro, ter um avanço da doença”, diz o especialista. A cirurgia mais indicada é a videolaparoscopia. Foto: Shutterstock
Osteoporose: a doença pode se manifestar com dor?
A osteoporose é conhecida por ser uma doença silenciosa, ou seja que cursa sem sintomas. Porém, como o quadro muitas vezes resulta em fraturas e comprometimento ósseo no geral, esses efeitos acabam provocando dores nos locais acometidos. Portanto, com o controle adequado da doença, os riscos de fraturas diminuem e de dores também, por consequência. “A osteoporose é silenciosa e assintomática em estágios iniciais, antes que aconteçam as fraturas. Em muitos casos, o problema é detectado apenas em estado avançado, com a deformação de ossos que provoca dor crônica, ou quando ocorre fratura”, informa a ginecologista Fernanda Torras. Evolução da osteoporose até que as dores se manifestem Segundo o ginecologista Dr. João Luiz Scaff, os locais mais afetados pela osteoporose e, portanto, com maior frequência de fraturas, são: punho, quadril e fêmur. “É essencial realizar exames periódicos para averiguar se há alterações na estrutura óssea, especialmente nessas áreas do corpo. A densitometria óssea é o exame que vai identificar se os ossos estão fracos e finos e de quanto é a perda em questão, servindo de alerta para a prevenção e tratamento”. No princípio da doença, podem surgir algumas pequenas fraturas, mas ainda assim sem sintomas de dor. Com o passar dos anos, caso o paciente não se trate adequadamente, a tendência é de que o quadro evolua com dor. “A osteoporose pode levar a deformidades de coluna vertebral por microfratura, por exemplo, e causar por conta disto dor crônica vertebral. No caso de fratura súbita, aparecerá a dor localizada”, afirma Fernanda. Cuidados para evitar fraturas e dores Para evitar fraturas e, consequentemente, dores nos ossos e articulações, o paciente necessita se engajar em um tratamento adequado, capaz de frear o avanço da perda de massa óssea e fortalecer os ossos. Para isso, é essencial o uso de medicamento específico que previne a perda de densidade óssea e o consumo de nutrientes fundamentais para os ossos, como o cálcio e a vitamina D, que podem ser encontrados tanto na dieta quanto em suplementos. Foto: Shutterstock
Compressas quentes podem ajudar a aliviar as cólicas da endometriose?
Um dos principais sintomas da endometriose é a cólica intensa que, muitas vezes, impede a mulher de trabalhar, estudar e de seguir com suas outras atividades do dia a dia. Uma das maiores preocupações das pacientes com a doença, portanto, é buscar uma forma de aliviar este sintoma, o que nem sempre é fácil. Colocar compressas quentes na região dolorida pode ajudar, mas não por muito tempo. Compressas de água quente aliviam a dor temporariamente “Bolsa de água quente ajuda a aliviar a dor, assim como os anti-inflamatórios não hormonais, mas nunca em definitivo”, afirma o ginecologista e obstetra João Luiz Scaff. Com este mesmo objetivo, o médico indica a prática de atividades físicas e uma boa alimentação, com quantidades adequadas de frutas, verduras e ácidos graxos, como o ômega 3. “Atualmente, no mercado, já temos um aparelho que tem se mostrado eficaz no alívio dos sintomas com pequenos estímulos de choque”, diz o especialista. O aparelho é chamado de TENS, sigla em inglês para neuroestimulação elétrica transcutânea. Outra medida indicada para amenizar a dor das cólicas da endometriose é a acupuntura. Videolaparoscopia é opção cirúrgica mais indicada para endometriose Problemas urinários e intestinais também podem surgir nas mulheres com endometriose. Nestes casos, medidas contra a dor não serão suficientes. Para estas pacientes, o tratamento cirúrgico deverá ser considerado e, segundo Scaff, o procedimento pode levar a paciente a outro patamar de qualidade de vida, desde que bem realizada. A cirurgia mais indicada para a endometriose é a chamada videolaparoscopia. É um procedimento considerado pouco invasivo, em que o médico faz pequenos furos na região abdominal para introduzir uma câmera que guia a cirurgia. O objetivo é extrair os focos da doença e em aproximadamente 24 horas a paciente recebe alta. Foto: Shutterstock
Qual a importância de diagnosticar a endometriose precocemente?
A endometriose consiste no surgimento do tecido endometrial, que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina, podendo comprometer outros órgãos. Manter consultas frequentes com um ginecologista é uma importante medida para diagnosticar o problema precocemente, o que é essencial para o sucesso do tratamento. Diagnóstico precoce facilita o controle da endometriose “Quanto mais precoce for seu diagnóstico, menor será o número de órgãos acometidos e, assim, um tratamento hormonal adequado poderá ser instituído”, afirma o ginecologista e obstetra João Luiz Scaff. Caso o tratamento cirúrgico seja necessário, o especialista recomenda a realização da videolaparoscopia por um profissional capacitado. O tratamento iniciado precocemente permite que a paciente tenha um maior controle sobre a doença, evitando a piora dos sintomas e suas complicações. “As sequelas seriam perda da qualidade de vida, cólicas menstruais de forte intensidade, infertilidade conjugal, alterações urinárias e intestinais e desconforto sexual, chamado de dispareunia”, diz o médico. Ovários e intestino podem ser afetados pela endometriose Quanto mais tardio for o diagnóstico da endometriose, maiores são as chances de evolução da doença e comprometimento de outros órgãos, como bexiga, ovário, trompas e intestino. Nestes casos, a cirurgia pode ser uma opção de tratamento para a retirada das lesões que comprometem os outros órgãos. O diagnóstico da endometriose, hoje, é feito por meio de um atendimento médico atencioso, com exames físicos adequados, indicados por um ginecologista envolvido com a doença. “O ginecologista pode lançar mão de exames subsidiários para fechar o diagnóstico, como ultrassonografia endovaginal com preparo, além de ressonância magnética e até uma videolaparoscopia para se certificar”, cita o profissional. Foto: Shutterstock