
Dr. João Felipe Franca
Medicina Esportiva
Biografia
Dr. João Felipe Franca é graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá, pós-graduado em Cardiologia e especialista em Medicina do Exercício e do Esporte pela Associação Médica Brasileira (AMB). Desde 2007, atua como médico do exercício e do esporte e sócio-diretor de assistência médica e tecnologia da Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), realizando avaliação de medicina do exercício, teste cardiopulmonar de exercício e programa de exercício supervisionado. Desde 2009, atua como instrutor de suporte avançado de vida em cardiologia pela American Heart Association e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É também palestrante de diversos congressos médicos que envolvem avaliações médicas para orientação do exercício e exercício físico como tratamento de diversas doenças crônico-degenerativas. Atualmente, é diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Estado do Rio de Janeiro (SMEERJ).
Artigos
Esteira ou bicicleta: Qual desses exercícios é mais indicado para auxiliar na redução de medidas?
Ser fisicamente ativo é um fator muito importante na busca de uma melhor qualidade de vida. Os exercícios promovem, por exemplo, a perda de peso, fundamental para prevenir problemas cardiovasculares, metabólicos e ósseos. Duas das atividades mais indicadas por especialistas para ajudar a emagrecer são a esteira e a bicicleta, mas será que alguma delas consegue ser mais eficaz na queima de calorias e redução de medidas? Utilizar a esteira para correr pode queimar mais calorias que a bicicleta De acordo com o médico do exercício e do esporte João Felipe Franca, tanto a esteira quanto a bicicleta têm vantagens e desvantagens e a escolha dependerá da disponibilidade, viabilidade e do gosto por cada uma das atividades. “O mais indicado para emagrecer são exercícios de maior duração e menor intensidade inicialmente, com assiduidade na maioria dos dias da semana em uma atividade que seja prazerosa, viável e com baixo risco de lesão”, explica o especialista. Caminhar e correr na esteira podem proporcionar maior gasto energético que a bicicleta. Por outro lado, há maior chance de lesões por causa dos impactos nas articulações. “Correr requer técnica adequada para reduzir o risco de lesão e a corrida pode ser intensa demais para os iniciantes e para aqueles que sempre foram sedentários. Caminhar pode ser mais natural e viável, pois apenas um bom calçado esportivo é necessário”, pondera o médico. Bicicleta gera poucos impactos na saúde das articulações Pedalar requer, além da bicicleta, equipamentos de proteção e locais apropriados para a prática. Entretanto, produz menos impactos nas articulações e também tem menor intensidade, favorecendo a aderência à rotina de exercícios, principalmente na fase inicial. É preciso lembrar que utilizar tanto a esteira quanto a bicicleta em ambientes fechados e climatizados também ajuda na aderência, já que o clima não se torna uma desculpa para deixar de realizar a atividade. O emagrecimento não é a única forma com que essas atividades conseguem proteger a saúde do corpo. “A prática regular traz inúmeros benefícios já comprovados, como melhor controle do colesterol, do diabetes, da hipertensão arterial, da melhora do humor, do sono e do bem-estar físico e mental e menor risco de desenvolver alguns tipos de câncer”, afirma o profissional. Doutor Franca diz ainda que ser sedentário pode ser tão ou mais perigoso que fumar compulsivamente e aumenta o risco de morte em até cinco vezes. Foto: Shutterstock
Exercícios aeróbicos em jejum ajudam a emagrecer?
Andar, correr, pedalar, nadar, esquiar, patinar e remar são exemplos de exercícios aeróbicos. Praticá-los regularmente é uma das principais maneiras de emagrecer. “Emagrecer é o resultado das calorias que são consumidas versus as calorias que são gastas e o exercício é um dos responsáveis por gastar mais calorias em menor tempo”, explica o Dr. João Felipe Franca. Exercícios aeróbicos só devem ser praticados em jejum por atletas Algumas pessoas acreditam que é possível potencializar os efeitos emagrecedores dos exercícios praticando-os em jejum. Não é bem assim. “Estudos mostram que fazer exercício em jejum não emagrece e pode até ter efeito contrário”, alerta o profissional. Este tipo de técnica deve ser adotado somente por atletas preparados ou em situações extremas. Para outros praticantes, há riscos para o corpo. Ao praticar uma atividade física de baixa intensidade em jejum, o corpo procura as gorduras como fonte de energia, mas o gasto calórico também é baixo. Já nos exercícios mais intensos, as gorduras ficam de lado e os carboidratos são utilizados como principal fonte de energia. Mas, em jejum, há poucos carboidratos disponíveis, favorecendo um quadro de hipoglicemia. Em jejum, exercícios aeróbicos podem provocar hipoglicemia “Fazer exercício em jejum pode representar risco de hipoglicemia, quando há baixa concentração de glicose no sangue, e o exercício acaba não sendo bem feito ou acaba não sendo cumprido na sua totalidade, tanto por queda de performance quanto por falta de combustível”, afirma João Felipe. Fraqueza, desmaios, dor nos músculos e perda de massa magra são algumas das possíveis consequências. A melhor forma de emagrecer sem prejudicar o corpo é manter um estilo de vida saudável, como recomenda o médico: “Movimentar-se cada vez mais, praticar exercícios com intensidade apropriada e, muito importante, não se machucar! Dormir bem por seis ou oito horas, tentando manter regularidade na hora de dormir e de acordar”. O especialista ainda considera importante comer menos, mas com mais qualidade, fazer a última refeição do dia de duas a três horas antes de dormir, reduzir o sal e as bebidas alcoólicas. Foto: Shutterstock
Mal da montanha: por que brasileiros sofrem ao jogar futebol na altitude?
O mal da montanha é uma condição que se origina quando pessoas ambientadas ao nível do mar se expõem a grandes altitudes. É muito comum ver esse tipo de situação no futebol profissional, especialmente quando atletas de equipes brasileiras vão até países como Bolívia e Equador para disputar partidas. Por si só a mudança de altitude já é suficiente para gerar sintomas incômodos. Com o exercício físico esgotante, esses sinais tendem a piorar. Entendendo a altitude “Os atletas brasileiros costumam sofrer ao jogar futebol na altitude porque não têm o hábito de se exercitarem em alta intensidade nas montanhas com mais de 2 mil metros de altitude, que é a altura em que o ar começa a ficar significativamente mais rarefeito, com pressão parcial de oxigênio 25% mais baixa em relação ao nível do mar”, explica o Dr. João Felipe Franca. Quanto maior a altitude, menor é a pressão atmosférica e, com isso, menor é a quantidade de moléculas de oxigênio no ar, o qual vai ficando cada vez mais rarefeito. Isso causa um impacto no corpo que resulta em alguns sintomas. A manifestação destes varia de pessoa para pessoa e costuma começar em altitude moderada (a partir de 2.400 metros). Sintomas do mal da montanha “A doença da altitude ou mal da montanha é caracterizada por cefaleia (dor de cabeça), dormência de extremidades (sintomas leves), falta de ar ou tontura (sintomas moderados) e até mesmo desmaios, confusão mental e morte (sintoma grave). Esses sintomas mais graves ocorrem porque a pressão atmosférica mais baixa faz com que haja edema intersticial, principalmente pulmonar e cerebral”, explica o médico especialista em exercício e esporte. A ocorrência desses sintomas depende, além da altitude, da velocidade da subida. Por isso, para que o incômodo seja prevenido, recomenda-se que a ascensão seja feita lentamente, com paradas ao longo do caminho que ajudem no processo de adaptação do corpo à nova altitude. Muitas equipes, inclusive, procuram chegar dias antes ao local do jogo para que haja essa adaptação. Bom condicionamento físico ajuda a evitar riscos do mal da montanha O bom condicionamento físico dos atletas é um fator importante para encarar bem a altitude, mas isso não significa que eles estão isentos dos sintomas, especialmente quando a altitude for muito grande. Mesmo assim, os maiores riscos estão mais associados a pessoas em condições opostas. “Praticar esportes em grandes altitudes pode ser perigoso para brasileiros cardiopatas e pneumopatas ou mesmo sedentários, mal condicionados”. Foto: Pexels
Como começar uma rotina de exercícios para sair do sedentarismo?
A prática de exercícios físicos é um dos hábitos mais importantes para a saúde, ajudando a prevenir e a tratar uma série de doenças, como hipertensão, depressão, osteoporose e osteoartrite. No entanto, quem é sedentário e deseja mudar de vida, começando uma nova rotina de exercícios, deve pegar leve para não correr risco de se machucar. Rotina de exercícios deve evoluir com o tempo Segundo o médico do exercício e do esporte João Felipe Franca, é preciso estar motivado e ter a certeza de que o corpo está preparado para iniciar exercício. “Caso contrário, uma avaliação médica específica para a orientação de exercícios é indicada”, alerta o especialista. O próximo passo é montar um calendário para a prática. O ideal é alternar os dias da semana para que o organismo possa se adaptar às mudanças. Quando o corpo estiver mais preparado, a prática diária de um exercício físico passa a ser indicada. “A cada dia de exercício, a recomendação é aumentar um pouco o tempo e/ou a intensidade ou modificar o estímulo”, afirma o profissional. Vale lembrar que essas mudanças não devem provocar dores. “Exercícios bem feitos não devem machucar”, destaca Dr. Franca. Atividades na água são indicadas para casos de osteoartrite Os gestos motores aprendidos durante a infância podem facilitar a rotina de exercícios na vida adulta. Por isso, durante a consulta, é preciso verificar o histórico de exercício físico e esporte do paciente. “Pedalar pode ser um gesto natural se aprendido na infância. Mas se não, pode ser bem difícil. Natação também. O importante é iniciar, progredir aos poucos e não desistir. A assiduidade é que trará benefícios à saúde”, recomenda o médico. Para problemas articulares e para a osteoartrite, especificamente, é importante que a prática cause pouco impacto nas articulações. Por isso, exercícios na água, como caminhar na piscina, hidroginástica e natação, são mais indicados. A frequência semanal deve ser diária ou, pelo menos, quatro vezes na semana, totalizando um valor mínimo de 150 minutos semanais para haver benefícios significativos e eliminar o risco de lesões. Foto: Shutterstock
Por que os músculos doem após a prática de alguma atividade física intensa?
A sensação de dor muscular após a prática de exercícios físicos é normal e pode ser facilmente explicada. Trata-se de um aviso do próprio corpo de que já está exausto e que os músculos estão sobrecarregados, necessitando de um período de descanso. Quando a atividade é intensa, o incômodo tende a ser maior. “Do ponto de vista molecular, a dor acontece porque a atividade física gera uma inflamação muscular ‘benéfica’ ao organismo. Uma das reações químicas da inflamação é a produção de ácido lático. Se houver ácido lático demais, o músculo pode transmitir ao cérebro que a inflamação foi além do que o músculo suporta”, explica o médico esportivo João Felipe Franca. Dor muscular faz parte do processo de hipertrofia Quando o músculo é trabalhado em exercícios, ainda mais nos de alta intensidade, como a musculação, ele naturalmente se desgasta, o que gera rupturas microscópicas nas fibras musculares. Essas rupturas serão fundamentais para o fortalecimento muscular, por mais que sua formação ocorra com dor. Aqueles que buscam a hipertrofia, ou seja, o aumento do volume dos músculos, irão sentir mais essa dor muscular após a atividade física. Durante o repouso, o músculo começa a se regenerar, formando fibras cada vez mais fortes, como forma de preparação para novos desgastes. É a partir daí que os músculos começam a crescer. Dor muscular muito incômoda deve ser investigada e controlada Caso as dores musculares estejam incomodando além do normal, é interessante consultar um médico para avaliar se algo está errado. Para aliviar o desconforto, podem ser interessantes compressas de gelo e, às vezes, anti-inflamatórios. “Vale ressaltar que os músculos produzem várias substâncias antioxidantes, vasodilatadores, hipoglicemiantes e endorfinas, fazendo com que todo o organismo funcione melhor, trazendo bem-estar e saúde”, completa o médico. Dr. João Felipe Franca é médico do exercício e do esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e atua na Clinimex, no Rio de Janeiro. CRM-RJ: 5276659-3 Foto: Shutterstock
Saindo do sedentarismo: como iniciar uma atividade física com segurança?
A prática de exercícios físicos é fundamental para emagrecer, se prevenir de doenças como a osteoartrite e a hipertensão e, em abstrato, para manter a saúde do corpo em dia. Portanto, quem é sedentário deve logo buscar uma atividade física para mudar de vida, mas deve também ficar atento a alguns cuidados para que a prática escolhida seja feita com segurança. Exercícios leves são ideais para quem está saindo do sedentarismo A primeira dica que João Felipe Franca, especialista em Medicina do Exercício e do Esporte, dá é investir numa prática que não atrapalhe o dia a dia: “Procure uma atividade que seja prazerosa e viável dentro da rotina. Atividades coletivas ou em companhia de alguém ajudam o hábito a ser mais duradouro e criar metas motivadoras ajudam a manter o hábito e a aumentar o estímulo gradativamente”, afirma. Além disso, é importante ir com calma. “Exercícios físicos não devem machucar e este deve ser o objetivo número um dos exercitantes. Não dá para ‘tirar o atraso’ de quem não tem o hábito de praticar exercícios de uma hora para outra. O corpo precisa de adaptação, tanto no tempo quanto na intensidade do exercício”, afirma o médico. Comece com 30 minutos diários e aumente com o passar das semanas. Passar mal durante um exercício físico não é normal Segundo o especialista, a adaptação cardiopulmonar tende a acontecer mais rápido do que a adaptação musculoesquelética. Por isso, o corpo deve estranhar a mudança nos primeiros dias. Entretanto, alguns sintomas devem chamar a atenção: “Dor na região do tórax ou da cabeça, falta de ar, tontura ou desmaio, náusea e vômitos são sinais de alerta e devem ser investigados por médico especialista”, alerta Franca. De acordo com o profissional, quanto maior a idade, maiores serão os riscos para o praticante. Quem tem mais de 35 anos de idade, quem já foi diagnosticado com uma doença crônica e aqueles que têm fatores de risco para hipertensão e diabetes devem passar por uma avaliação médica antes de se engajar em exercícios físicos mais intensos, como é o caso da corrida. Dr. João Felipe Franca é médico do exercício e do esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e atua na Clinimex, no Rio de Janeiro. CRM-RJ: 5276659-3 Foto: Shutterstock