
Dr João Carlos de Jesus
Pneumologia
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Pneumonia: quanto tempo dura a infecção e os sintomas de tosse e febre?
Você sabe quanto tempo dura uma pneumonia? Os principais sintomas, como tosse e febre, fazem com que a doença, que já enfraquece o corpo, seja bastante desconfortável. Ainda, por se tratar de uma condição respiratória, sua evolução pode ser grave, por isso a atenção redobrada. Para responder com precisão quanto tempo dura tosse e febre de pneumonia, entrevistamos o pneumologista João Carlos de Jesus, que explicou, entre outras coisas, como a duração dos sintomas pode variar entre a pneumonia viral e bacteriana. A pneumonia costuma durar uma semana, a depender de seu tipo O pneumologista explica que “Uma pneumonia que passa por tratamento médico, em média, dura em torno de uma semana. Porém, em alguns casos, a pneumonia pode se tornar mais grave, a partir das complicações e da evolução do paciente”. Essa gravidade do quadro e o tempo de duração dos sintomas pode variar dependendo do tipo de infecção: viral ou bacteriana. Isso porque, uma pneumonia viral, muitas vezes, dura menos tempo. Na maioria dos casos, o ciclo do vírus é autolimitado pela resposta imunológica. Ou seja, a pneumonia viral tende a se resolver por conta própria devido à ação do sistema imune. Isso acontece, segundo o médico, porque “Assim que começamos a desenvolver um quadro de gripe, COVID-19 ou de uma infecção pelo vírus sincicial respiratório, o nosso organismo desencadeia uma resposta imune, baseada na atividade de anticorpos, que tende a neutralizar os vírus que estão se multiplicando”. Já no caso da pneumonia bacteriana, João Carlos esclarece que sua recuperação não depende apenas da resposta de anticorpos, mas também da resposta celular, que tende a ser mais lenta. Diferentemente da pneumonia viral, não existe um preparo prévio do corpo. Assim, mesmo com tratamento medicamentoso, espera-se uma recuperação mais lenta para a pneumonia bacteriana. Além disso, a duração dos sintomas também depende da gravidade de cada caso. A tosse causada pela pneumonia pode durar até 20 dias Não há uma definição específica de quanto tempo a pessoa com pneumonia permanece com o sintoma da tosse. Até porque, a tosse decorrente de uma pneumonia pode variar muito, dependendo do agente causador da doença e da região dos pulmões acometida. Na maioria das vezes, o sintoma pode persistir por até 20 dias. O médico explica que existe uma condição muito frequente chamada tosse pós-infecciosa, na qual a pessoa pode permanecer com o sintoma por até 8 semanas. Isso porque, comparada com outras doenças pulmonares, “A tosse decorrente da pneumonia tende a demorar um pouco mais, pois a pneumonia ocorre nas regiões mais baixas dos pulmões, em uma área que chamamos de membrana alveolar”, afirma o Dr. João Carlos. Assim, é comum que a secreção se acumule na região da glote e, em seguida, seja direcionada para o esôfago. Então, mesmo que a pessoa já esteja curada, essa movimentação faz com que o sintoma da tosse possa persistir por alguns dias. No entanto, João Carlos detalha que “A tosse faz parte do processo de recuperação e resolução completa da infecção. Portanto, durante esse período, não se deve usar antibióticos ou medicamentos que bloqueiem a tosse, pois ela é importante para auxiliar na limpeza das vias respiratórias”. As consequências da pneumonia variam de acordo com a idade Assim como acontece com outras doenças, no caso de pneumonia, os extremos de idade costumam ficar mais vulneráveis. O médico explica que “Os bebês, até quatro anos, tendem a enfrentar mais infecções respiratórias virais, que, em algumas situações, podem evoluir para insuficiência respiratória e precisar de internação”. Ao mesmo tempo, após episódios de pneumonia, pacientes mais idosos podem apresentar insuficiência renal, confusão mental e aumento do risco cardiovascular. Por isso, a atenção para essas faixas etárias é importante. Ainda, um estudo publicado no The Brazilian Journal of Infectious Diseases indica que casos de óbito são mais comuns em pessoas que já apresentaram parada cardíaca ou tinham alguma doença crônica, o que acende o alerta para grupos além de crianças e idosos. Em todos os casos, é necessário ficar atento para uma possível piora dos sintomas, alerta o pneumologista. “Se a pneumonia não recebe tratamento adequado desde o início, pode haver complicações. Os sinais de atenção envolvem dor torácica, o que indica um processo inflamatório das pleuras e a formação de derrame pleural, que é o acúmulo de líquido ao redor dos pulmões.” Outros sintais que indicam a necessidade de atendimento médico com urgência são: febre alta, intensa prostração, confusão mental e diminuição da diurese. O diagnóstico precoce da pneumonia é importante para evitar quadros de sepse O impacto de um diagnóstico tardio e incorreto no caso da pneumonia pode resultar em um aumento do risco de evolução para insuficiência respiratória e sepse, infecção generalizada que pode levar a óbito. Assim, quando a pneumonia não é tratada corretamente, “Essas bactérias podem entrar na corrente sanguínea, causando sepse, o que aumenta o risco de falência de outros órgãos, como insuficiência renal e hipotensão, levando à queda da pressão arterial e, em casos graves, a choque”, explica o médico. Isso acontece porque o pulmão é um órgão influencia em diversas funções do corpo e, apesar de não parecer, é bem volumoso. “Embora as membranas pulmonares sejam muito finas, elas representam uma área significativa do organismo. Assim, quando há uma proliferação de bactérias nessa região, uma parte considerável do corpo é afetada por um processo inflamatório intenso, o que pode causar prejuízos a outros órgãos”, explica o pneumologista. Portanto, é comum que o tratamento para pneumonia dure entre 7 a 10 dias. Em casos graves, essa estimativa pode se estender para 40 dias. Mesmo seguindo as recomendações, caso os sintomas da pneumonia persistam ou piorem, após ou durante o tratamento, procure atendimento médico imediato.
Sangue com catarro pode ser covid?
Produzir sangue com catarro é uma situação que costuma gerar ansiedade e apreensão, seja pela natureza incomum do sintoma ou pelo receio de que isso indique algum problema de saúde mais grave. Afinal, por que isso acontece? Pode ser COVID? Sabendo da importância de esclarecer essa dúvida, conversamos com o médico pneumologista João Carlos de Jesus, que detalhou as possíveis causas de sangue no catarro. Continue a leitura e entenda as principais informações sobre o assunto. Sangue no catarro pode ser COVID-19, mas essa não é a causa mais comum do problema Apesar de a COVID não ser a doença mais relacionada a esse sintoma, pode, sim, haver catarro com sangue durante essa infecção viral. De acordo com o pneumologista João Carlos de Jesus, isso é possível porque a COVID-19 tem o potencial de danificar as estruturas pulmonares, levando à formação de catarro e sangue (processo chamado de hemoptise). Além disso, segundo o especialista, “o acúmulo de secreção também favorece quadros de sinusite e infecções bacterianas. E uma sinusite, por exemplo, pode trazer sangramento com o catarro”. No entanto, ele aponta que, nesses casos, a coloração do sangue não tem aquela característica viva: ela é mais acastanhada, não é exatamente vermelha. Geralmente, a cor do catarro durante a infecção por COVID-19 é clara, semelhante à da saliva. Levando isso em consideração, podemos afirmar que os quadros clínicos que costumam ter secreção com sangue na COVID-19 são aqueles que afetam os tecidos pulmonares. Doenças pulmonares são geralmente as que causam catarro com sangue Entre as doenças que afetam o pulmão, e que, portanto, estão mais propícias a gerar sangue no catarro, está a tuberculose. Para o médico pneumologista, essa é a doença provável de ocasionar o sintoma: “o padrão dessa infecção pulmonar faz com que os brônquios e os alvéolos sejam afetados, produzindo o sangramento. Um paciente que tem tosse por aproximadamente 20 dias, febre à noite, perda de peso e tosse com sangue deve ser avaliado para a possibilidade de tuberculose, até que se prove o contrário”, argumenta. Outras possíveis causas citadas pelo Dr. são trombose pulmonar e câncer de pulmão, embora sejam ainda menos comuns. Quando o sangue com catarro é perigoso? Basicamente, se o catarro vier com um coágulo, ou seja, com uma massa sólida de sangue, é um sinal de alerta. Afinal, isso indica um processo inflamatório mais severo e requer não só uma investigação minuciosa para descobrir a causa do problema, como também um monitoramento integral da saúde do paciente, que pode estar em risco. De acordo com a análise do Dr. João Carlos, existe uma diferença significativa entre uma secreção com resquícios de sangue e um catarro com coágulo: “Quando o paciente está tossindo muito, isso pode causar ferimentos na garganta, resultando em pequenas quantidades de sangue. Isso é aceitável como parte do processo da tosse. No entanto, se o catarro vem predominantemente vermelho, isso é um sinal de emergência”. Nesse contexto, o paciente deve procurar atendimento médico imediato para que sejam feitos exames para identificar a origem do sangramento. Conforme as observações do pneumologista, geralmente, a tomografia de tórax fornece clareza sobre a situação. No entanto, pode ser preciso realizar uma angiotomografia de tórax, que usa contraste para avaliar o funcionamento das veias e artérias pulmonares. Em síntese, é essencial dar a devida importância ao aparecimento de sangue no catarro, pois, embora possa ser um sintoma de COVID-19, é frequentemente relacionado a outras doenças pulmonares, como tuberculose, trombose pulmonar e câncer de pulmão. Da mesma forma, diferenciar pequenas quantidades de sangue e a presença de coágulos no catarro é crucial para determinar a gravidade da situação e a necessidade de atendimento médico imediato.
Reumatologista: o que é, do que trata e para que serve?
Se você já teve dúvidas sobre quando procurar um reumatologista, do que esse especialista trata e qual a diferença entre ortopedista e reumatologista, este artigo vai ajudar a esclarecer suas questões sobre o assunto. Em primeiro lugar, vale a pena trazer um dado da Associação Brasileira de Reumatologia: as doenças reumáticas acometem mais de 15 milhões de brasileiros e podem afetar pessoas de todas as faixas etárias, sendo mais comum em mulheres. Para responder objetivamente à pergunta principal, o reumatologista cuida de doenças relacionadas às articulações, músculos, ossos, tendões e ligamentos. Uma vez que existem mais de 200 doenças reumáticas, é importante entender quais são os principais sintomas desse tipo de patologia. Assim, fica mais fácil saber quando é hora de agendar uma consulta. A seguir, falaremos mais detalhes sobre a atuação dos reumatologistas e dos sintomas que esses especialistas tratam. O reumatologista cuida principalmente do sistema locomotor, mas pode tratar outros órgãos, como coração e pulmões Como dissemos anteriormente, o reumatologista é o médico que cuida, trata e diagnostica doenças relacionadas às articulações e outras estruturas que as cercam, as chamadas doenças reumáticas ou reumatológicas. Assim, ele também cuida dos músculos, ossos, tendões, bursas e ligamentos. Em outras palavras, as doenças reumáticas são condições que afetam o sistema locomotor. Isto é, o conjunto de estruturas do corpo humano responsável pelo movimento. Nesse sentido, as articulações são as principais estruturas responsáveis pelos movimentos e também as mais afetadas. Ao mesmo tempo, o reumatologista também trata doenças autoimunes. Isso porque muitas dessas doenças podem afetar as articulações e os músculos, como a artrite reumatoide, o lúpus e a esclerose. Apesar de as estruturas responsáveis pelos movimentos serem as mais afetadas, as doenças reumáticas podem se expandir para outros órgãos do corpo, como coração, pulmões, rins e até os olhos. Por isso, na prática, o reumatologista pode ajudar no tratamento de diferentes órgãos. Artrose e fibromialgia estão entre as doenças que o reumatologista trata Geralmente, as dores reumatológicas resultam de processos inflamatórios ou autoimunes. Porém, podem ser facilmente confundidas com dores de origem mecânica. Ou seja, aquelas causadas por movimentos repetitivos, carregamento de peso, má postura, etc. Se por um lado as dores de origem mecânica podem melhorar com o repouso, por outro, com as reumáticas acontece exatamente o contrário. Isso porque elas têm um caráter crônico e o repouso prolongado pode até contribuir para a rigidez e perda de mobilidade. Portanto, observar as características da dor pode ajudar a decidir quando procurar um reumatologista. As doenças que o reumatologista trata incluem: Artrose: acontece quando a cartilagem que cobre as articulações se desgasta; Artrite reumatoide: condição autoimune, crônica e progressiva que afeta as articulações; Fibromialgia: doença crônica que causa dor muscular generalizada. Apesar de não ser uma inflamação, é uma das doenças reumáticas mais comuns, e afeta 2,5% da população mundial; Gota: causada pelo aumento de ácido úrico no sangue (hiperuricemia), é uma doença inflamatória crônica e progressiva; Febre reumática: doença que ocorre após casos de amigdalite e pode atingir o coração, cérebro e articulações. Ela provoca dores e febre intensa; Lúpus: condição autoimune em que afeta diversos órgãos do corpo e causa dores intensas. A saber, existem as doenças reumáticas degenerativas. Elas acontecem devido ao desgaste no sistema locomotor, ao longo da vida e por movimentos inadequados. Entre elas, está a osteoartrite (artrose). Procure um reumatologista se notar sintomas como dores nas articulações, fadiga e rigidez nos músculos Se você está se perguntando quando procurar um reumatologista, tenha atenção aos sintomas que está sentindo. Esse profissional deve ser consultado em caso de dores ou outros sintomas relacionados às estruturas do sistema locomotor, como ossos, músculos e ligamentos. Alguns sintomas que o reumatologista trata são: Dor, inchaço ou vermelhidão nas articulações; Perda de mobilidade; Rigidez nos músculos, especialmente ao acordar; Dores nos ossos, músculos ou ligamentos; Fraqueza muscular; Sensação de fadiga constante; Formigamento ou dormência nas mãos e pés. Assim, é importante destacar que outros sinais também podem estar associados a doenças reumáticas e variam de pessoa para pessoa. Na dúvida, procure um reumatologista. Afinal, qual a diferença entre ortopedista e reumatologista? Apesar de ambos profissionais cuidarem do sistema musculoesquelético, a principal diferença entre ortopedista e reumatologista está relacionada às características das doenças que cada um trata. O reumatologista cuida de doenças inflamatórias ou autoimunes que afetam o sistema locomotor e suas estruturas, incluindo músculos, ossos e articulações. Já o ortopedista trata condições mecânicas (que podem ou não ser causadas por quedas, batidas, torções, etc.) relacionadas aos ossos. Alguns exemplos são fraturas, escoliose e hérnia de disco. No entanto, é comum que os dois profissionais atuem em conjunto em casos mais complexos que afetam o sistema musculoesquelético, principalmente aqueles que necessitam de cirurgia. Exames complementares podem ser úteis para o diagnóstico de uma doença reumatológica ou autoimune Um dos principais exames que o reumatologista pode pedir é o perfil reumatológico, que avalia diferentes marcadores de inflamação e autoanticorpos no organismo. Além disso, esse profissional também utiliza diversos testes genéticos para ajudar no diagnóstico, como o HLA-B27. Esse teste avalia a presença de alguns genes relacionados a doenças reumatológicas. Ainda, para identificar doenças autoimunes, o médico pode pedir um exame de anticorpos reumatológicos, como o fator antinuclear (FAN). É importante mencionar que a necessidade desses testes varia segundo os sintomas do paciente. Principalmente em casos com histórico familiar e sinais muito claros de determinada doença, é possível que o especialista faça o diagnóstico correto sem o auxílio de exames complementares. Quando procurar um reumatologista, leve exames recentes e descreva os seus sintomas em detalhes Na consulta com o reumatologista, é importante que você saiba detalhar os seus sintomas, há quanto tempo acontecem e com qual intensidade. Além disso, exames recentes e informações sobre o histórico de doenças familiares são importantes. Se for o caso, não esqueça de informar quais medicamentos você toma, os horários, a dosagem e há quanto tempo. Dessa maneira, o reumatologista pode avaliar a eficácia de um tratamento em curso, por exemplo, e pensar em novas abordagens para manejar os sintomas de uma possível doença reumatológica.