
Dr. Francisco Flávio America
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Por que doenças cardiovasculares são tão fatais para os homens?
O infarto agudo do miocárdio afeta duas vezes mais os homens que as mulheres entre os 50 e 60 anos, segundo o cardiologista Francisco Flávio Costa Filho. Além disso, os homens infartam, em média, dez anos mais jovens que as mulheres e são 60% das vítimas de doenças cardiovasculares, de acordo com estudos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Os dados estatísticos chamam atenção, mas existem alguns fatores que ajudam a entendê-los. Ir poucas vezes ao médico atrapalha a prevenção da pressão alta “Em uma pesquisa realizada com cerca de 43 mil hipertensos sob uso de medicamentos nas cidades de São Paulo e Campinas, descobrimos que os homens tiveram 32% a menos de chance de ter a pressão controlada quando comparados com mulheres”, afirma o médico. Nessa comparação de gênero entre os hipertensos, os homens tiveram menor taxa de consciência da doença, além de uma menor frequência de uso de medicamentos anti-hipertensivos e, consequentemente, uma menor taxa de controle da pressão alta. No caso da hipertensão, o fato da doença não provocar sintomas, acaba dificultando a descoberta da pressão alta. “Tradicionalmente, homens não têm o hábito de utilizar serviços de saúde. Só vão quando já estão sentindo alguma coisa. Se a medição da pressão arterial não é realizada rotineiramente, a doença não será descoberta”, diz Dr. Francisco Flávio. Esta característica impede não só a prevenção da hipertensão, mas de qualquer doença, já que eles somente procuram o serviço quando o problema já está se manifestando. Alcoolismo e sedentarismo favorecem hipertensão Há ainda uma série de maus hábitos e fatores que acabam atrapalhando a saúde cardiovascular. O tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, a obesidade, dieta inadequada e o estresse do dia a dia são frequentemente associados ao desenvolvimento de hipertensão e suas complicações, como infarto e AVC. Como as mulheres vão mais ao médico, têm mais chances de mudar a rotina em prol de um corpo mais saudável. No entanto, segundo o cardiologista, as mulheres apresentam maior risco de morte em casos de infarto agudo do miocárdio: “Os sintomas do infarto nas mulheres, muitas vezes, são inespecíficos, o que atrasa seu diagnóstico. Além disso, também demoram mais a serem atendidas nos serviços de saúde”. Outra possível causa é o surgimento tardio dessa doença aguda nas mulheres. Foto: Shutterstock
Qual é a pressão arterial ideal para cada faixa etária?
A meta inicial de pressão arterial ideal é a mesma para todos, independente da idade. Em alguns casos específicos essa meta acaba sendo diferente, mas, no geral, estipula-se como ideal um valor menor do que 140 x 90 mmHg (ou 14 por 9, na forma mais coloquial), segundo o Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Índices mais altos costumavam ser tolerados no caso dos idosos, porém atualmente isso não é mais recomendado pelos especialistas. “Diferentemente das crianças e adolescentes, que possuem uma tabela com os níveis da pressão normal de acordo com idade, sexo e altura, os adultos, independentemente da idade, têm o mesmo alvo inicial de meta pressórica, que é pressão arterial (PA) menor que 140 x 90 mmHg. Exceções existem para alguns grupos específicos, como pacientes renais crônicos, diabéticos, portadores de aneurismas ou pós derrame cerebral”, informa o cardiologista Francisco Flávio America. Pressão arterial ideal para os idosos Segundo o médico, em estudos antigos “aceitava-se” que o idoso tivesse uma meta de controle pressórico maior, com o receio de que essa população poderia sofrer mais com efeitos colaterais da medicação e também por acreditarem que isso não resultaria em problemas. Porém, estudos mais recentes vêm mostrando o contrário. “Pesquisas mais recentes mostram que nos idosos com mais de 65 anos há redução maior no risco de infarto, derrame, AVC, coração crescido e morte cardíaca quando se adota um tratamento com meta de pressão menor que 140 x 90 mmHg. Observou-se que tolerar pressões mais elevadas significa tolerar aumento do risco desses episódios cardiovasculares nesta faixa etária, que pela própria idade já conta com um risco maior”, afirma o cardiologista. Tratamento medicamentoso é fundamental para evitar problemas cardiovasculares Portanto, o ideal é se manter em consultas constantes com seu cardiologista para que ele te oriente da forma mais adequada, de acordo com sua condição, suas limitações e necessidades. Em caso de hipertensão, o tratamento medicamentoso é sempre indicado para evitar episódios cardiovasculares perigosos (morte cardiovascular, AVC, infarto do miocárdio). Dados do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia: http://www.eusou12por8.com.br/ Foto: Shutterstock