
Dr. Ciro Kirchenchtejn
Pneumologia
Biografia
Mestre em Pneumologia pela EPM-UNIFESP, membro do grupo docente da disciplina de Pneumologia e Medicina Preventiva da UNIFESP, professor de Propedêutica Médica para o quarto ano de Medicina, preceptor do ambulatório de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) da UNIFESP, professor do quinto ano de Medicina que passam no estágio ambulatório geral e familiar do departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP, coordenador do Centro de Tratamento e Prevenção do Tabagismo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e membro da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Artigos
Fumantes que largaram o cigarro ainda podem desenvolver DPOC?
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), mais de 380 milhões de pessoas sofrem com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) pelo mundo. O problema provoca cerca de 3 milhões de óbitos por ano e tem como principais sintomas a falta de ar e crises de tosse. Sua principal causa é o hábito de fumar cigarros. Parar de fumar reduz drasticamente chances de ter DPOC Para o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, quem fuma pelo menos um maço de cigarros por dia durante 10 anos corre o risco de desenvolver DPOC. No entanto, essa relação pode ser ainda pior: “Um estudo mostrou que fumar apenas um cigarro por dia por vários anos também pode provocar DPOC e causar infarto do miocárdio”, alerta o médico. Do número total de fumantes, cerca de 15% a 20% acaba desenvolvendo a doença. A melhor atitude que um fumante pode ter para evitar os sintomas e as crises de DPOC é largar o cigarro, o que irá pouco a pouco diminuir a inflamação dos brônquios. “As chances de ter DPOC zeram só se o paciente ainda não adquiriu a doença”, explica o profissional. Como o cigarro ajuda a desenvolver DPOC? De acordo com Kirchenchtejn, existem várias teorias que explicam a relação entre o cigarro e a DPOC. “O cigarro é queimado a mais de 900°C, tem agrotóxicos, radicais livres, benzenos e metais pesados e reduz a capacidade de defesa do pulmão de tal forma que surpreende como algumas pessoas não adoecem apesar de fumar. Um maço por dia reduz, em média, 10 anos de vida”, afirma o pneumologista. Entretanto, parar de fumar nem sempre é fácil. A nicotina presente no cigarro provoca dependência e, muitas vezes, o fumante precisa de ajuda psicológica para interromper o consumo. Quem desejar pode recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece tratamento gratuito e com profissionais qualificados. Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT): https://sbpt.org.br/portal/t/dpoc/ Foto: Shutterstock
Coronavírus: Quais as principais recomendações para quem tem doenças respiratórias e precisa viajar?
Diante da pandemia do novo coronavírus, as recomendações dos principais órgãos de saúde são claras: é preciso ficar em casa o máximo possível. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão do novo coronavírus, responsável pela doença conhecida como COVID-19, acontece sobretudo por meio do contato pessoal. Por isso, além de medidas de higiene, como o uso de máscaras e de álcool em gel, é fundamental conter a circulação de pessoas para evitar a propagação da doença, especialmente de quem já tem outras doenças respiratórias. Viagens aumentam os riscos de contaminação pelo novo coronavírus De acordo com o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, a principal recomendação para o momento é repensar as viagens, principalmente as pessoas que já têm doenças respiratórias, visto que elas podem ter complicações graves em quadros de COVID-19. “O novo coronavírus é de grande transmissibilidade. Isto quer dizer que é muito fácil ser infectado por ele e transmiti-lo para outras pessoas. Assim, neste momento, ninguém deveria viajar, o melhor é ficar no maior isolamento social possível”, alerta o especialista. Mas, se a viagem for inevitável, algumas medidas devem ser seguidas. “Se tiver que pegar transporte, melhor usar em horários de menor fluxo, limpar o assento e as barras de apoio com álcool em gel 70%, permanecer usando máscaras e lembrar de não levar a mão à face. É importante também lavar imediatamente as mãos ao sair do meio de transporte”, recomenda o médico. Pessoas com doenças pulmonares crônicas podem ter quadros mais graves de COVID-19 Pacientes com asma, bronquite crônica, enfisema e DPOC apresentam os mesmos riscos de contrair a doença que a população em geral, mas neles os efeitos do novo coronavírus podem ser mais sérios. Por isso, é fundamental que essas pessoas, além de seguir as orientações de prevenção, também mantenham as doenças pulmonares crônicas controladas. Isso deve ser feito seguindo o tratamento proposto pelo pneumologista. É fundamental continuar usando a medicação indicada na dose correta, manter a casa livre de poeira, ácaros, mofo e pelos de animais, não fumar, estar com a vacina da gripe em dia e fazer exercícios físicos, mesmo dentro de casa. Dados do Ministério da Saúde: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid
Por que o tratamento da asma é beneficiado pelo uso de medicamentos via inalatória?
A asma é caracterizada pela inflamação dos brônquios, o que causa o estreitamento desses canais que levam ar para os pulmões. Segundo o Ministério da Saúde, a doença respiratória crônica atinge cerca de 6 milhões de brasileiros e é responsável por mais de 100 mil internações no SUS. Para controlar seus sintomas, que envolvem falta de ar, chiado no peito e crises de tosse, é comum o uso da bombinha entre os portadores de doença. Será que essas medicações inalatórias realmente geram benefícios para o tratamento da asma? Confira! Tratamento da asma com medicamentos inalatórios age mais rápido Uma crise asmática requer rapidez, já que o quadro pode gerar sérias complicações clínicas. Desse modo, as bombinhas são grandes aliadas dos pacientes porque possibilitam um controle mais rápido dos sintomas. “Os medicamentos inalatórios, muitas vezes, chamados de bombinhas, são dispositivos que levam o medicamento diretamente ao pulmão, podendo assim ser utilizados em doses muito inferiores aos medicamentos orais, com maior rapidez de ação e menos efeitos colaterais”, explica o pneumologista Ciro Kirchenchtejn. O objetivo do tratamento da asma é melhorar o funcionamento dos pulmões e controlar os sintomas da doença por meio dos medicamentos chamados de controladores, com ação anti-inflamatória, associados aos medicamentos de alívio, com efeito broncodilatador. Os medicamentos inalatórios atuam principalmente durante os surtos, que surgem quando o paciente entra em contato com agentes externos irritantes. Principais fatores que desencadeiam crises de asma Esses fatores que levam às crises de asma são chamados de gatilhos e causam uma irritação nos brônquios. Essas estruturas se contraem, impossibilitando a passagem de ar. “Os surtos de asma podem ser desencadeados por fatores alérgicos e não alérgicos. Alguns exemplos são mofo, poeira, fumaça de cigarro, pólen, pelo de animais, mudanças de clima e estresse emocional”, cita o médico. Além de evitar ao máximo a exposição aos fatores desencadeantes e usar os medicamentos indicados, algumas medidas podem ser incorporadas ao dia a dia para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a asma. Não fumar, ingerir a quantidade recomendada de água para facilitar a expectoração, evitar alimentos alergênicos e fazer exercícios respiratórios, como ioga e natação, são alguns exemplos. Dados do Ministério da Saúde: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/35040-asma-atinge-6-4-milhoes-de-brasileiros Foto: Shutterstock
Por que a tosse se torna mais comum no inverno?
É provável que você já tenha reparado que as pessoas acabam tossindo e espirrando mais durante o inverno. Este sintoma é um reflexo natural para expulsar substâncias e microrganismos de dentro do organismo, desde poeira até vírus e bactérias. Segundo o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, existe uma explicação para a maior presença do sintoma. Doenças que provocam tosse são mais frequentes no inverno “Durante o inverno, alguns problemas de saúde se tornam mais comuns, devido ao frio, à poluição e a mudanças comportamentais. Gripes e resfriados, além de crises de asma e rinite são desencadeados ou piorados pela mudança climática”, afirma o especialista. O que acontece é que a tosse é um dos principais sintomas dessas condições. Existem alguns grupos que são mais vulneráveis às doenças típicas de inverno, às mudanças de tempo e que, consequentemente, apresentam mais tosse, como explica Kirchenchtejn: “Crianças e idosos, devido à ineficiência do sistema imunológico, portadores de doenças crônicas, como câncer e diabetes, e pessoas que vivem em situação de risco são exemplos”. Fenômeno da inversão térmica pode piorar a tosse Durante os meses de inverno, existe ainda um outro fator climático que torna a tosse ainda mais frequente nas grandes cidades. “Em São Paulo, é comum o fenômeno da inversão térmica, quando partículas de poluentes, além de gases tóxicos, como derivados de enxofre e nitrogênio, se acumulam no ar e aumentam o risco de piora de quadros alérgicos, como asma e rinite”, alerta o pneumologista. Para evitar a tosse, é preciso adotar cuidados capazes de proteger o corpo das doenças típicas do inverno. Andar bem agasalhado, beber bastante água e se alimentar bem, lavar as mãos ao chegar da rua e ao comer e manter a casa limpa são medidas fundamentais. A vacina contra a gripe é eficiente e segura e deve ser tomada antes do início do inverno. Foto: Shutterstock
Gripes e resfriados: Afinal, qual é a diferença?
Sabe aquela dúvida: “estou com gripe ou resfriado?”. Ela faz parte do dia a dia de muitas pessoas que sentem diferença no organismo logo após os primeiros sintomas. Seja por uma tosse interminável, uma febre que está chegando, ou rouquidão, é importante tratar a infecção e entender que, apesar de serem confundidas, elas não são a mesma coisa. Para tirar essas e outras suas dúvidas, o pneumologista Dr. Ciro Kirchenchtejn explica a diferença de gripes e resfriados, qual a melhor maneira de se prevenir, o tratamento mais adequado e os tipos de alimentos recomendados para aumentar a imunidade. CARACTERÍSTICAS GRIPES RESFRIADOS O QUE É Gripe é uma infecção respiratória causada pelos vírus da família Influenza. Diferente do resfriado, ela provoca reações mais fortes O resfriado é uma infecção respiratória viral, mas existem dezenas de vírus diferentes que podem provocar o resfriado, como Rinovírus, Adenovírus e Parainfluenza SINTOMAS – Febre acontece com frequência em crianças, podendo passar dos 40ºC – Vermelhidão no rosto – Cansaço – Tosse com dor muscular e forte dor de cabeça – Dor de garganta, nos olhos e nariz escorrendo – Acomete mais vias respiratórias altas: nariz, ouvido e garganta – Febre é rara – Tosse e leve dor de cabeça – Mal-estar, nariz escorrendo e rouquidão DURAÇÃO De 7 a 14 dias De 2 a 4 dias TRATAMENTO Tomar líquidos e medicamentos recomendados pelo médico Tomar líquidos e medicamentos recomendados pelo médico COMPLICAÇÕES Pneumonia bacteriana, otite, sinusite, desidratação, doenças crônicas como asma, diabetes , insuficiência cardíaca e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) Otite, sinusite e asma OS TIPOS DE GRIPE: Existem três tipos de vírus Influenza: TIPO A – É o mais prevalente e ataca o maior número de pessoas. Este tipo se subdivide em H1N1 (a gripe suína) e H3N2 (gripe sazonal). TIPO B – Ataca seres humanos e alguns mamíferos aquáticos. Em função do número reduzido de hospedeiros em potencial, não é capaz de surtir grandes efeitos sobre a saúde pública. TIPO C – Este tipo é o menos recorrente no Brasil. É comum em seres humanos, cachorros e porcos. Também causa infecções respiratórias leves. ALERTA! Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), são registrados entre 3 e 5 milhões de casos de gripe e entre 150 mil e 500 mil mortes por ano no mundo. A aglomeração em lugares fechados e sem ventilação para fugir do frio é um dos principais motivos para a proliferação da doença. COMO EVITAR A GRIPE Lave as mãos, frequentemente, com água e sabão ou álcool Permaneça, sempre que possível, em ambientes abertos para evitar a contaminação Não compartilhe alimentos, copos, toalhas e outros objetos de uso pessoal Ao tossir ou espirrar, cubra o nariz e a boca com um lenço descartável Procure orientação médica logo que surgirem os sintomas para iniciar o tratamento o mais rapidamente possível Tome cuidado para não encostar a mão em uma superfície contaminada por partículas do vírus Evite a gripe se vacinando antes do inverno 7 alimentos para aumentar a imunidade CAROTENOIDES – São pigmentos presentes em alimentos de cor alaranjada e avermelhada, como abóbora e cenoura. Essas substâncias possuem ação antioxidante, aumentando as defesas do organismo. O espinafre e a couve, apesar de verde, também possuem alto teor de carotenoides. ALHO – Rico em compostos organossulfurados (responsáveis pelo odor e sabor característicos), apresenta diversos benefícios, entre eles antioxidante e antiasmático. Além de fortalecer a imunidade, é excelente para infecções respiratórias. BRÁSSICAS – Este grupo de alimentos inclui brócolis, couve, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor, rúcula, agrião e rabanete. Tem ação antioxidante e de prevenção ao câncer. LIMÃO – Rico em vitamina C, o alimento garante uma melhora do sistema imunológico. Além de ter efeito antioxidante, melhora o perfil sanguíneo e reduz a inflamação. CACAU – Alimento rico em flavonoides, possui ação antioxidante, eliminando radicais e reduzindo a inflamação no organismo. CÚRCUMA – É um flavonoide que garante a coloração e diversos benefícios, com potencial anti-inflamatório, anticarcinogênico e ação imunomoduladora. GENGIBRE – Os benefícios mantêm a linha anti-inflamatória, antioxidante e de fortalecimento do sistema imunológico, provocando um aquecimento das vias respiratórias e garantindo conforto no tratamento de infecções e inflamações.
Doenças respiratórias, como a asma, aumentam o risco de ter infecções?
A asma é uma das doenças respiratórias mais comuns em todo o mundo. Trata-se de uma inflamação crônica dos brônquios que atrapalha a da passagem de ar para os pulmões, causando tosse, falta de ar, produção de muco, chiado e aperto no peito. Segundo o Ministério da Saúde, um dos principais agentes causadores das crises de asma são as infecções respiratórias, mas será que a situação oposta também acontece? Será que a asma facilita infecções, como gripes, resfriados e a COVID-19? Novo coronavírus pode ter efeitos mais graves em quem tem doenças respiratórias Pacientes asmáticos têm as mesmas chances de contrair uma infecção respiratória que pessoas saudáveis, mas neles, os efeitos podem ser mais graves. De acordo com o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, os pacientes com asma já apresentam um processo inflamatório e, por isso, as infecções respiratórias podem gerar maiores complicações. “Ao desenvolver infecções respiratórias, como a gripe ou a COVID-19, os asmáticos, se não bem controlados, podem ter quadros mais graves, uma vez que se somam os efeitos das duas doenças”, explica o médico. Dessa forma, é fundamental que as pessoas com asma se protejam, principalmente contra o novo coronavírus. Neste momento, o Ministério da Saúde recomenda permanecer em casa, em isolamento social, lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70%, cobrir a boca ao tossir e espirrar, evitar abraços e beijos e usar máscaras de proteção ao sair de casa. Além disso, é fundamental manter a asma controlada. “O melhor que o portador de asma pode fazer para se proteger é afastar-se da fumaça do cigarro, deixar o ambiente de casa sem mofo e poeira, controlar doenças associadas que podem piorar a asma, como a rinite e o refluxo gastroesofágico, manter a vacinação em dia e usar a medicação, seguindo a orientação do médico”, recomenda o especialista. Como é feito o tratamento para asma? Além de evitar o contato com os agentes desencadeadores de crises, o tratamento envolve ainda o uso de medicamentos broncodilatadores e corticosteroides de uso contínuo, que controlam a obstrução dos brônquios e evitam que as reações aos agentes irritantes aconteçam. Dessa maneira, o quadro de sensibilidade e de inflamação diminui O acompanhamento médico também é fundamental para avaliar a evolução da doença e prevenir problemas decorrentes de uma asma não controlada. “Asmáticos que precisam usar medicação de resgate mais que duas vezes por semana, que acordam de noite por sintomas respiratórios ou que tem tosse e chiado mais que três vezes por semana devem procurar orientação médica”, alerta o pneumologista. Dados do Ministério da Saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/258_asma.html https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#como-se-proteger Foto: Shutterstock