
Dr. Bruno Scarpellini
Infectologia
Biografia
Dr. Bruno Scarpellini é formado em Medicina pela Escola de Medicina Souza Marques. Possui pós-graduação em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia – RJ, fez residência médica em Infectologia pelo Instituto Nacional de Infectologia (INI)/Fiocruz – RJ e estágio internacional em doenças infecciosas (HIV/AIDS, DSTs e Hepatites Virais) no Johns Hopkins Medical Institute (Departamento de Doenças Infecciosas e Clínica Moore). Possui mestrado em Epidemiologia pela Universidade de Pittsburgh, como bolsista da Fogarty AIDS International Training and Research Training. Está prestes a concluir Doutorado pelo Laboratório de Retrovirologia da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP.
Artigos
Por que os mosquitos se multiplicam no verão?
O verão possui algumas características que fazem com que mosquitos e insetos em geral apareçam e se proliferem mais do que o normal durante a estação. Destaque para o calor e umidade, que contribuem bastante nesse sentido. O grande volume de chuva nessa época do ano também ajuda nesse sentido. Com isso, aumenta-se o risco de doenças infecciosas, como a dengue. O calor e a umidade diminuem drasticamente o ciclo reprodutivo dos insetos, ou seja, o processo que vai desde que os ovos são postos até o mosquito atingir a fase adulta acontece muito mais rápido no verão. Por isso se diz que sua proliferação aumenta nesta estação. “O calor faz o ciclo de vida do mosquito se acelerar”, afirma o infectologista Bruno Scarpellini. Calor e muita chuva aumentam proliferação de mosquitos no verão Segundo o médico, o inseto se adapta muito bem em temperaturas acima de 30°C, é persistente e gosta de água limpa e parada. “Ele coloca os ovos nas paredes de criadouros, bem próximo à superfície da água. Um ovo pode sobreviver em média por um ano no seco. Assim que encontrar umidade novamente, volta a ficar ativo, eclode e pode se transformar em pupa, larva e, então, chegar à fase adulta em até sete dias”. Os mosquitos encontram água para colocarem seus ovos graças à grande quantidade de chuva no verão. A campanha de prevenção contra doenças causadas por mosquitos, como a dengue, ganha força nessa época justamente por conta desse aumento do número de ovos colocados na água parada que se deve muito às chuvas e à falta de cuidado das pessoas para evitar o problema. “Cabe ressaltar que o Aedes aegypti pode transmitir, além da dengue, zika, chikungunya e febre amarela”. Prevenção de mosquitos e doenças no verão Para prevenir a proliferação de mosquitos, insetos em geral e doenças no verão, o especialista recomenda uma série de cuidados. “Deve-se deixar vasilhames que coletem água (garrafas, vasos, latas, tampas de garrafa pet, vaso sanitário) sempre virados para baixo; esfregar bem as bordas de recipientes com escova de palha ou de aço; colocar água sanitária nos ralos de varanda e cloro em vaso sanitário. Plantas como bromélia e casquinhas de caramujo merecem atenção”. Dr. Bruno Scarpellini é infectologista e epidemiologista, pesquisador e epidemiologista do Laboratório de Retrovirologia da Escola Paulista de Medicina/Unifesp. CRM-RJ: 5271607-3. Foto: Shutterstock
Repelente: qual é a maneira correta de aplicar o produto? Quantas vezes ao dia?
Enjoos, cansaço, febre alta e dores no corpo são apenas alguns dos sintomas provocados pela dengue. Como forma de se prevenir, além de eliminar locais que acumulam água parada, que ajudam na proliferação do mosquito da dengue e de outros insetos, é importante também manter o corpo protegido com a ajuda dos repelentes. Repelentes à base de Icaridina duram até 13 horas na pele As recomendações para o uso de repelentes mudam conforme a idade. “Em geral, o uso de repelentes deve ser evitado nas crianças menores de dois anos, utilizando-os apenas em situações especiais, com orientação e acompanhamento médico. Bebês com até seis meses só devem usar mosquiteiros e roupas protetoras”, afirma o infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini. Já adultos, idosos e crianças com mais de dois anos podem usar os repelentes, reaplicando-os de acordo com o tempo de duração indicado pelo fabricante. Os produtos feitos com Icaridina com 30% de concentração, por exemplo, fornecem uma proteção de até 13 horas. Já os repelentes à base de DEET permanecem na pele por somente quatro horas e não devem ser aplicados mais de três vezes ao dia em crianças entre dois e 12 anos. Lavar as mãos sempre após passar o repelente Na hora de aplicar os repelentes, algumas dicas a ajudam a tornar seu uso mais correto. “Aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante e, em locais muito quentes ou em crianças que suam muito, recomenda-se reaplicações mais frequentes”, aconselha o especialista. Além disso, evite colocar a substância nas mãos e sempre lave-as depois da aplicação. O uso dos repelentes com um hidratante ou filtro solar também requer certa atenção. Pode-se espalhar o protetor primeiramente e, depois de 20 a 40 minutos, passar o repelente. Os repelentes reagem com os protetores solares e acabam reduzindo seu efeito quando aplicados juntos”, lembra Scarpellini. É importante também evitar passar o produto perto da boca, dos olhos, das genitais e em feridas. Dr. Bruno Scarpellini é infectologista e epidemiologista, pesquisador e epidemiologista do Laboratório de Retrovirologia da Escola Paulista de Medicina/Unifesp. CRM-RJ: 5271607-3. Foto: Shutterstock
Por que é importante procurar um médico em qualquer caso de suspeita de dengue?
A dengue se manifesta por tipos e intensidades diferentes, então, ao contraí-la, você pode lidar tanto com a sua forma mais branda quanto com a mais perigosa. Um dos problemas da doença é que a fase leve pode evoluir para a mais complicada, caso não seja tratada o quanto antes. Por isso, uma simples suspeita já deve ser o suficiente para que o paciente procure um médico. “Todo paciente com suspeita de dengue, precisa ser avaliado por um médico via exame físico. Neste exame, será possível determinar a gravidade do caso do paciente (isto é, se este apresenta sinais de alarme ou choque). Por meio dessa avaliação, ele terá uma classificação de risco de A a D, baseada em seus sinais e sintomas, considerando A o menor risco e D o maior risco”, indica o infectologista Bruno Scarpellini. Diagnóstico precoce evita evolução da dengue Segundo o especialista, essa classificação de risco impacta os passos seguintes do tratamento, como o tipo de acompanhamento (ex: ambulatorial ou hospitalar), exames complementares a serem realizados, conduta terapêutica e periodicidade de reavaliação. Vale reforçar que o ideal é buscar sempre o diagnóstico precoce para ser classificado ainda em A e ter mais facilidade no tratamento. Quem já teve dengue anteriormente deve ter ainda mais atenção para a ocorrência de um novo episódio, pois nesta situação há risco aumentado para formas mais graves da doença, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue. Nesses dois casos, ocorre perda significativa de sangue, o que pode ser fatal. Tratamento e prevenção da dengue Após o diagnóstico, o tratamento deve ser logo iniciado, mas o ideal mesmo é evitar ao máximo a doença por meio de prevenção (uso de repelentes, evitar acúmulo de água parada, colocar areia em vasos de plantas e tela nas janelas, etc). Quando os sintomas já se fizeram presentes, devem ser tratados com hidratação intensiva e antitérmicos (caso haja febre), principalmente, mas sempre com acompanhamento médico. Dr. Bruno Scarpellini é infectologista e epidemiologista, pesquisador e epidemiologista do Laboratório de Retrovirologia da Escola Paulista de Medicina/Unifesp. CRM-RJ: 5271607-3. Foto: Shutterstock
É possível contrair Aids em apenas uma relação sexual sem camisinha?
Para muitas pessoas, o Carnaval é sinônimo de um clima de maior descontração e paquera. Por ser uma época marcada por excessos, é importante ser responsável, evitando beber demais, se alimentar mal e ficar muito exposto ao sol sem a devida proteção. Nas relações sexuais, então, o cuidado deve ser redobrado, para que a folia não se transforme em um grande arrependimento. Afinal, é possível contrair Aids com apenas uma relação desprotegida? De acordo com o médico infectologista e epidemiologista Dr. Bruno Scarpellini, a resposta é sim, mas diversos fatores devem ser considerados. Tive relação com um soropositivo; será que contraí a Aids? Ainda que a camisinha seja a forma mais confiável de se proteger, o médico explica que outros fatores afetam a probabilidade de contágio. “A probabilidade depende de fatores como o tipo de sexo praticado (oral, vaginal, anal), a presença de circuncisão e de outras doenças sexualmente transmissíveis concomitantes não diagnosticadas e/ou tratadas (sífilis, herpes genital), a carga viral do HIV-1 no sangue e a presença da ejaculação durante o ato sexual, já que a carga viral presente no sêmen é semelhante à do sangue”, explica o médico. O médico também alerta para outras práticas que podem reduzir as chances de contágio mesmo após uma ou mais relações desprotegidas. “O diagnóstico precoce para tratamento e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a utilização de profilaxia pré-exposição com medicamentos antirretrovirais podem prevenir a infecção pelo vírus mesmo após diversas relações sexuais com uma ou mais pessoas contaminadas”, explica Bruno. A carga viral é um fator determinante para a transmissão do HIV Ainda que a Aids não tenha cura, tratamentos já disponíveis podem reduzir bastante a probabilidade de contágio. “A presença de uma carga viral indetectável no paciente infectado que esteja em tratamento com antirretrovirais diminui ainda mais a chance de transmissão. Em oposição, a carga viral é maior em um indivíduo sem tratamento, diagnóstico ou uso de antirretrovirais”, conclui o profissional.
O que é a dengue hemorrágica? Saiba mais sobre essa perigosa doença!
Uma das maiores preocupações com a chegada da estação mais quente do ano é a proliferação do mosquito da dengue e, principalmente, o aumento do número de casos da dengue hemorrágica. Tanto a dengue comum quanto a hemorrágica são causadas pelo vírus da dengue. No entanto, essa última é considerada uma versão mais perigosa da infecção. Quadro de dengue hemorrágica se agrava rapidamente Segundo o infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini, o vírus da dengue tem quatro sorotipos, que vão desde o DEN-1 até o DEN- 4. “A infecção por um deles dá proteção para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os demais. A probabilidade de dengue hemorrágica aumenta após a infecção por dois um mais vírus”, afirma o médico. Inicialmente, os sintomas são parecidos com os da dengue clássica, mas pioram a partir do terceiro ou quarto dia. Surgem hemorragias causadas pelo sangramento de pequenos vasos da pele e em órgãos internos e há uma redução do nível de plaquetas, cuja função é justamente combater sangramentos. Cabe destacar que o quadro clínico se agrava rapidamente, dando sinais de insuficiência circulatória e levando o paciente a um estado de choque. Vômitos e sangramentos são sintomas comuns em casos de dengue hemorrágica “Os principais sintomas de alerta para a dengue hemorrágica são dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, pele pálida, fria e úmida, sangramento pelo nariz, boca e gengivas, manchas vermelhas na pele, comportamento variando de sonolência à agitação, confusão mental, sede excessiva, boca seca e queda da pressão arterial”, cita Scarpellini. Ao notar os sinais e sintomas da dengue hemorrágica, é essencial procurar atendimento médico rapidamente. O especialista recomenda também utilizar soro caseiro para manter o corpo hidratado. O diagnóstico da dengue é baseado na epidemiologia, na história e nos sintomas clínicos. Entretanto, alguns exames podem ajudar, como hemograma completo e realização do teste rápido da dengue, que detecta antígenos do vírus da dengue. Dr. Bruno Scarpellini é infectologista e epidemiologista, pesquisador e epidemiologista do Laboratório de Retrovirologia da Escola Paulista de Medicina/Unifesp. CRM-RJ: 5271607-3. Foto: Shutterstock
Quem tem problemas de imunidade pode ter quadros mais graves de parasitoses intestinais?
O sistema imunológico é a parte do corpo responsável por identificar e combater as parasitoses intestinais. No entanto, segundo o infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini, quando a imunidade fica comprometida, seja por motivos congênitos ou adquiridos, como o vírus do HIV, a infecção intestinal pode se disseminar com mais facilidade, levando a quadros mais graves. Baixa imunidade pode agravar casos de parasitoses intestinais “Podemos observar quadros disseminados, como a estrongiloidíase disseminada, ou até o acometimento de órgãos mais nobres do corpo humano, como o fígado e o cérebro”, alerta o médico. A estrongiloidíase disseminada afeta não só o sistema gastrointestinal, mas também o pulmonar, causando febre, dor abdominal, diarreia e presença de substâncias mais densas nos pulmões, como sangue e pus. Vale lembrar também do risco de perda de peso e desidratação nos pacientes com baixa imunidade e afetados pelas parasitoses intestinais. A associação entre a falta de vontade de comer e a perda de líquidos causada pela diarreia pode dificultar a recuperação do quadro, desnutrindo e desidratando o paciente e tornando necessária sua hospitalização. Como funciona a prevenção em quem tem problemas de imunidade De acordo com Dr. Scarpellini, infelizmente, não existem medidas de prevenção específicas para pessoas com problemas de imunidade. As recomendações são iguais àquelas indicadas para o resto da população e envolvem andar sempre calçado, somente tomar água potável, lavar bem as mãos, cozinhar bem os alimentos e higienizar corretamente verduras e legumes. Já o tratamento apresenta algumas diferenças. “Existem micro-organismos que requerem tratamento diferente em populações imunocomprometidas, enquanto outros não necessitam. Por isso, é sempre importante buscar ajuda de um especialista para avaliar e diagnosticar o quadro e fazer o tratamento correto”, aconselha o profissional. Foto: Shutterstock